O Juramento - Vinte e Um

Precisamos conversar. -Ele disse. E pela sua expressão, tive certeza de que não iria gostar de ouvir. "



- Sobre o quê ? - Perguntei, com medo.
- Sobre nós. - Era o que temia.
Me aproximei e sentei ao seu lado. Fui me aninhar em seus braços, mas ele se afastou. Pegou a cadeira da penteadeira e a colocou de frente para mim, e se sentou. 
- Você está me assustando, fala logo. - Pedi.
Ele deu um sorriso triste, que me partiu.
- Se fosse fácil... Serena, nós não ... não... não podemos mais ficar juntos. Nunca mais.
Doeu. Doeu muito. Se ele tivesse enfiado uma faca em mim, doeria menos.
- Como .. assim ?
Ele endureceu a voz.
- Acabou.
Senti um nó se formando na garganta.
- Por que ?
- Só saiba que é para o seu próprio bem. Você ficará melhor sem mim.
- Eu sempre vou ficar melhor ao seu lado.
- Não, não vai.
Eu não queria, mas senti as lágrimas arderem nos meus olhos. Não consegui mais segurar, e elas caíram. Ele se levantou e começou a andar pelo quarto. Estava nervoso. 
- Como você pode chorar por algo que nunca foi real ? - Perguntou com a voz fria e dura.
Foi minha vez de levantar.
- O que quer dizer com isso ?
- Serena, minha querida, nada do que aconteceu entre nós foi real.
As lágrimas vinham cada vez com mais força.
- Como pode dizer isto ? Claro que foi real !
- Só para você, então.
- Me disseram que você quebraria o meu coração. Que depois que conseguisse o que quer tudo iria acabar. Que eu não significava nada para você. Que você é mulherengo e logo estaria com outra. Que eu precisava me manter afastada e não me iludir. Agora, eu preciso saber se tudo era verdade.
- Ótimo conselho que te deram. Devia escutar mais os outros.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele se foi. Fechando a porta com força. 
Me deixou ali. Sozinha. Deitei na cama, pois minhas pernas bambearam. Tudo o que sentia  era horrível e doía muito. Ele praticamente arrancou meu coração. Nunca pensei que sentiria essa dor tão cedo. Sempre achei que as garotas exageravam demais quando terminavam um namoro, mas nunca soube a dor de um coração partido. Namoro ? Como pude pensar nisso ! Para Harry, aquilo não foi nada além de dois beijos. E pode ser que nem tenha gostado ! 
" Nunca foi real " 
Essa frase ficará cravada lá no fundo. Nunca as esquecerei.
Para mim, foi real. Muito real. Tudo o que senti.
Ali estava eu, chorando por algo que nunca tive.

Depois de alguns minutos, a campainha tocou. Esperei que Harry ou Chelsea fossem abrir a porta. Ela continuou tocando. Limpei as lágrimas e saí do quarto. Ninguém em casa. Fui até a porta e ao abri-la, Matthew deu um sorriso largo.
- Oi princesa. - Ele segurou o batente da porta, se apoiando.
- Oi. 
Ele fez um biquinho e perguntou:
- Te machucaram muito ? - Ele estava debochando de mim.
- Como você soube ? - Perguntei, desconfiada.
- Fofocas se espalham. - Disse, dando de ombros.
- Essa não é qualquer fofoca.
Ele se aproximou e disse:
- Deixa de ser chata. - Como seu rosto estava próximo, senti seu hálito. Ele estava bêbado.
- Você andou bebendo ?
Ele cruzou os dedos de maneira debochada.
- Não. Eu juro.
Meu dia foi de longe o pior de todos. E tinha um bêbado na minha porta para completar a noite.
- É melhor você ir embora.
Fui fechar a porta, mas ele a empurrou com força. Ele estava mais bravo.
- Eu não terminei.
- Acabe logo com isso.
- Me lembrei de que você não comentou mais sobre a viagem.
- Não estou com cabeça para isso.
- Parece que você não gostou muito da ideia.
- Na verdade, acho melhor eu não ir.
Seus olhos permaneceram fixos no meu por algum tempo.
- Você tem medo de mim ?
Olhei para meus pés, não sustentando seu olhar.
- Não. E você precisa ir.
Tentei fechar a porta novamente, mas Matthew me pegou pelos ombros e me prensou no pilar da varanda.
- O que preciso fazer para você acreditar que gosto de você ?
Tão próximo que ele estava, conseguia sentir seu cheiro. Cheiro de álcool. Ele me olhava profundamente nos olhos.
- Sério Matthew, melhor você ir. Amanhã estará melhor e conversamos.
- Eu posso ser melhor que ele.
Ele me segurava muito forte pelo ombro, com certeza deixaria marcas. Ele se aproximou e seus lábios estavam quase tocando no meu. Tentava me soltar, mas ele era muito mais forte.
- Matthew, por favor. Me solta. Você está bêbado. - Disse, entre os lábios dele.
- Solta a garota ! Agora ! - Esbravejou Harry da escada.
Matthew se virou e riu secamente, mas sem achar graça.
- O príncipe no cavalo branco.
Em um piscar de olhos, Harry já estava cara a cara com Matthew.
- Espero não precisar brigar com você bêbado.
- Eu não me importo.
- O que está acontecendo ?
Me virei e Chelsea estava no primeiro degrau da varanda, observando a rixa.
- Vejo você depois, princesa. - Disse Matthew, assim que percebeu Chelsea. E saiu.
Chelsea, segurando os sapatos na mão, subiu para seu quarto. 
Harry me lançou um olhar frio e disse:
- É melhor aprender a se cuidar sozinha. Não vou mais te dar aulas de luta.
Ele estava cortando todo o tipo de contato comigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário