Irresistible - Verdades e Mentiras.


Capítulo Doze

 Hesitante, bati na porta do escritório. 

- Entre. - Soou uma voz feminina do outro lado da porta.
O escritório era bastante confortável e acolhedor. Três paredes cobertas por estantes cheias de livros grossos e com capas de couro, onde o título era dourado. Uma mesa de madeira branca no meio da sala, com papéis, pastas marrons, um notebook, um pote com instrumentos de escrita e uma miniatura de um avião. Ao lado da porta, um sofá de couro marrom. Fomos recebidos por uma mulher de cabelos avermelhados curtos e lisos, olhos verdes e usava óculos com a armação preta. Usava uma saia cinza com uma camisa branca. Se pedisse para que qualquer garoto, classificariam-na como " Turbinada ". Até mesmo Harry que olhava descaradamente para suas pernas. Ela retribuía o olhar com um sorriso malicioso estampado no rosto, entusiasmada com a presença dele.
Você está aqui para trabalhar. 
- Sou Leila. Em que posso ajudar ? - Ela praticamente ronrona para Harry, sem olhar-me ainda.
- Em muitas coisas. - Harry pigarreia e retoma a compostura - Connor queria uma reunião com Alice.
Ela olha-me pela primeira vez. Um olhar de superioridade com uma mistura de desdém e decepção por eu estar ali, estragando o momento com Harry. Reviro os olhos por dentro.
- O Sr. Dawson está chegando. - Ela volta a ignorar-me e seu tom a ser meloso - Pode esperar aqui.
- Seria um prazer. - Ele responde.
Esta merda toda já está acontecendo comigo e não vou tolerar ser ignorada.
- Se você quiser - Ela continua - ,eu posso pegar ...
- Olha, querida, se o Sr. Dawson não pode me atender, eu volto outro dia.
Ela olhou-me surpresa. 
- Não será necessário. - Um homem alto e robusto, vestindo um terno cinza sem nenhum amassado, com cabelos grisalhos, pele pálida, e olhos dourados entra na sala. - Desculpe o atraso. Leila, pode deixar-nos á sós. 
A Ruiva assentiu. Olhou para Harry, piscou e saiu rebolando.
Ele voltou-se para nós e sorriu, sentando na cadeira grande, atrás de sua mesa.
- Sentem-se, por favor. 
E o fizemos.
Ele sorriu, formando ruguinhas nos cantos dos olhos.
- Alice, é um prazer finalmente conhecê-la. Sou Connor Dawson. - Ele estendeu a mão e apertei-a. - Harry, não sabia que vinha.
Não havia incômodo em sua voz, mas ele franziu um pouco o cenho.
- Eu vim acompanhando a Alice. Ela estava nervosa.
Escondi minha mão entre minhas pernas, pois estavam tremendo. Estava nervosa, ansiosa e realmente não sabia o que esperar desta conversa.
- Entendo. - Connor disse, oferecendo-me um sorriso acolhedor.
- Será que você poderia me dizer por que eu estou aqui ? - Pedi, ansiosa.
- Você está em perigo, Alice.
- Todos dizem isso, mas ninguém explica nada.
Que frustrante !
- Você podeira dizer-me se conhece a pessoa da foto ? - Ele pediu.
Pegou uma pasta marrom na mesa e entregou-me.
Surpresa, apreensão e medo invadiram-me assim que abri a pasta e olhei as fotos. Mas que diabos meu pai tem haver com tudo isso ?
- Reconhece a pessoa ? - Reforçou Connor.
- É ... É meu pai.
- Taylor Lovatel ? 
- Sim ... Olha, isso é algum tipo de brincadeira de muito mau gosto ?
- Temo que não, querida. - Ele olhou-me com pena, mas por quê ? - Veja as outras páginas.
Olhei para Harry, mas ele apenas deu de ombros. Seu olhar era preocupado e ele estava tenso. Virei a folha e apareceu uma ficha com a foto do meu pai, nome completo, idade, sexo, filha, esposa e irmão, endereço, celulares, endereço do trabalho, locais que costuma frequentar, placa e modelo do carro...
- O que tem de mais em uma ficha ?
- Nós não precisaríamos de uma se ele não fosse suspeito ou procurado por algo.
- Você está insinuando ...
- Quero que veja com seus próprios olhos. Continue.
O restante do conteúdo da pasta era somente fotos. Fotos do meus pai conversando com minha mãe, Rachel, em frente a um estacionamento; Ele levando-me a escola; Entrando no prédio do trabalho; Saindo de casa; Conversando com um homem que eu não conhecia; Dando uma maleta prateada a outro homem; E a última, era ele mais jovem, talvez com 25 ou 27 anos. O cabela não estava grisalho, era preto igual ao meu, não tinha mais ruguinhas, mas os olhos eram frios e calculistas. Não tinham o amor e carinho de quando olhava para mim. A foto foi tirada em um beco escuro. Meu pai mostrava uma arma para um homem velho que segurava uma maleta com mais armas, enquanto outros dois homens contavam maços de dinheiro.
Oh Meu Deus !
- Esse é realmente meu pai ? - Perguntei, não querendo acreditar no que via.
- Sim, minha querida.
Ele abriu uma segunda pasta, tirou uma folha e entregou-me. Era uma segunda ficha, mas estava diferente. Abaixo da foto, estava os dados, porém , com endereço do trabalho, profissão, nome e locais que costumava frequentar diferentes.
Nome: Jason Kavanaugh
Endereço de Trabalho: Frankfurt, Alemanha. Arkadus Holdin Enterprises INC.
Profissão: Falsificador, Contrabandeador de Armas.
Porra !
Os locais que costumava frequentar era totalmente diferentes: Becos, estacionamentos, casas no meio de matas, e edifícios abandonados. E desde quando meu pai é contrabandeador de armas e falsificador ?. Algo chamou-me a atenção no final da ficha.
Procurado pelo governo, polícia militar, CIA, Interpool e OAP. Extremamente perigoso "
Connor pigarreou e disse: 
- Sinto dizer, querida, mas essa é a verdadeira ficha dele.
- Quer dizer que meu pai era um criminoso ? - Minha voz era um pouco mais alta que um sussurro.
- Na verdade, ele fazia parte de uma máfia.
- Não. Isso não pode ser verdade ! Se ele fosse um criminoso, não teria família. Ele era um homem bom ! - Minhas voz estava sendo embargada pelas lágrimas.
- Então, você me diria que sempre estavam mudando de cidade porque queriam conhecer lugares novos ?
- S-Sim. - Gaguejei. Merda ! 
Connor respirou fundo e olhou-me com pena.
- Harry, você poderia deixar-nos á sós ? - Ele pediu.
- Mas ..
- Por favor.
Harry assentiu e disse:
- Estou esperando lá fora, Anjo.
E saiu do escritório.
- Alice, minha querida, eu sei que é difícil de acreditar mas pense bem. Vocês tinham que mudar porque era perigoso demais para o seu pai manter-se sempre em uma posição. Outras máfias iriam atrás dele.
- Se ele fosse mesmo de uma máfia, por que teria família ?
- É isso o que não sabemos.
- Então pode ser alguém querendo colocar a culpa no meu pai. Ainda há esperança.
- Muito pouca - Ele insistiu.
- Ok, se ele é mesmo, desde quando está nisso ?
- Pelas nossas pesquisas, desde os 20 anos, mas ele parou antes de ter você. Não sabemos porque teve uma família e como conseguiu sair da máfia. Mas não podemos esquecer os crimes que cometeu por mais que tenha parado e tornado-se um bom homem.
- Mas o que isso tem haver com eu precisar ficar aqui ?
- Nas máfias há muitos inimigos. Achamos que isso aconteceu com seu pai. Alguém quer descontar algo que ele fez em você. E pelo o que vimos no primeiro ataque e nas nossas pesquisas, não estão de brincadeira !
- E não tem ideia de quem possa ser ?
- Não, mas farei o possível para descobrir e te manter protegida.
- Então, nada de voltar para casa ?
- Não, desculpe, querida.
Ocorreu-me uma ideia.
- Se meu pai for culpado, ele deve ter algo escondido na nossa casa.
- É uma ideia, ele gostaria de ter tudo em mão.
- Eu preciso ir ver.
- Alice, é peri ...
- Por favor, eu realmente preciso. Só assim acreditarei.
Ele abriu a boca para falar, mas eu continuei :
- Pode mandar quantas pessoas quiser para ir comigo. Não vou reclamar.
Ele hesitou, mas respondeu:
- Eu farei uma reunião e verei o dia e quem vai com você.
- Ok. - Sorri em agradecimento.
Ele também sorriu e disse:
- Soube que irá fazer dezoito anos em poucos dias.
- Por favor, não conte para ninguém.
- Não irei. Mas está ligando para o seu tio regularmente ?
- Estou.
- Ótimo. Não quero ele preocupado.

(...)

O sol ardia fora do escritório, agredindo meus olhos. Deduzi que minha conversa com Connor devia ter durado em torno de uma hora, uma hora e meia. Eu gostei dele. Lembrou um pouco de meu tio. Carinhoso, que se preocupa com a minha segurança. Querendo fazer eu me sentir bem-vinda. Na verdade, ele parece mais um avô. Que da beijo na testa e pergunta se já almoçou. Eu já gosto dele. Desci as escadas do escritório e não vi Harry em lugar algum. Mas onde ele está ? Dissera que ficaria esperando-me aqui. Circulei o escritório e lá estava ele. Fiquei apoiada na madeira, não querendo atrapalhar. Ele estava conversando com a Leila, A Secretária Ruiva. Na verdade, flertando com ela. Os dois estavam próximos. Harry sorria maliciosamente e com uma mão repousada sobre sua cintura. Leila sorria em resposta e batia os cílios. Sua mão passeava pelo cabelo ruivo enquanto a outra passava pelo blaser de Harry. Percebi que ela havia desabotoado dois botões de sua camisa. Leila tirou os óculos e colocou-o no decote da camisa, fazendo os olhos de Harry descerem até lá.
- Ele não perdoa ninguém. - Disse Scott, juntando-se a mim para observar os dois.
- Não estranharia surpresa se amanhã ele aparecesse com a Sr. Mcguire.
Ele sorriu.
- Quer sair e conversar ? - Ele perguntou, dando de ombros - Praticamente posso sentir os hormônios.
- Vamos. - Foi minha vez de sorrir. - Antes que ela abra mais um botão.

(...)

- Chocolate ? - Scott perguntou.
- Sim.
Fiquei sentada em um banco da ilha da cozinha, vendo Scott mover-se pelos armários, pegando ingredientes para preparar os cafés. Era hora de obter informações sobre ele e quem sabe bombardeá-lo  com algumas perguntas sobre Harry. Ele repousou duas canecas vermelhas sobre a bancada, colocou café, leite, chantili, marshmallow e raspas de chocolate. Hmmm ... Já estava com água na boca.
Ele deslizou uma caneca para mim .
- Obrigada.
Ele pegou a outra e sentou na minha frente.
- Então, como foi sua conversa com o Connor ? - Ele perguntou, comendo um marshmallow.
- Você sabe sobre o assunto ?
- Eu que ajudei Connor com a pesquisa sobre seu pai ... Sinto muito.
- Foi um choque ao ver todas as fotos e receber a notícia. Mas ainda não sei se acredito realmente. Qualquer um pode editar um foto ou uma ficha. Só quando tiver provas concretas vou acreditar.
- Que provas exatamente ?
- Eu pedi ao Connor para deixar-me ir visitar a casa que minha família morava.
- Mas ele consentiu ? - Ele perguntou franzindo o cenho - E por quê ?
- Se tudo o que ele disse for verdade, deve ter algo na casa. E sim, ele deixou.
- Pensei que você não pudesse sair.
- Connor verá um dia, assim eu posso ir acompanhada.
- Eu acho que é perigoso. Aquelas pessoas não estão de brincadeira.
- Eu entendo, mas eu preciso fazer isso. É sobre o meu pai.
Ele balançou a cabeça e eu sei que ele não gostou da ideia. Senti uma pontada na têmpora. Aquele assunto estava me cansando.
- Mas então, - Disse enquanto sorria - chega de falar sobre mim. Conte-me de você.
Ele retribuiu o sorriso.
- O que você quer saber, pequena ?
- Você estava em uma missão ?
- Sim.
Arqueei as sobrancelhas com expectativa.
- Pode contar mais ?
Ele riu.
- Ok, curiosa. Tive que ficar fora por algumas semanas, para tentar descobrir quem está atrás de você. Não consegui nada.
- A quanto tempo você é um Caçador ?
- Já faz cinco anos.
- É um negócio de família ?
- Geralmente, quem trabalha com isso já perdeu a família. Não é diferente comigo. Meus pais eram do ramo, mas já morreram.
- Sinto muito.
Ele deu um sorriso reconfortante.
- Tudo bem.
- Você e Harry se conhecem desde quanto ?
- Entramos no ramo ao mesmo tempo. Ele é como um irmão. Já faz muito tempo. - Lançou-me um olhar cúmplice - Dá para perceber que você também é especial.
Oh !
Não consigo conter um sorriso bobo.
Especial. Especial. Especial.
- Meu lugar.
Virei e Scott levantou o olhar ao ouvirmos a voz de Harry. Ele estava parado atrás de mim.
Scott riu e sentou em outro banco. Harry pegou seu lugar, á minha frente.
- Aqui, Anjo. 
Ele tirou da jaqueta a caixa com a torta de limão, que estava junto de uma rosa branca.
- Obrigada, é linda.
Harry deu um sorriso tímido, enquanto Scott lançou-me uma piscadela cúmplice.

(...)

Narrador's POV

Harry subiu rapidamente as escadas. Pela fresta da porta de seu quarto, viu que as luzes já tinham sido apagadas. Alice deve ter cansado de esperá-lo e foi dormir. Ele havia descido para pegar o celular que esqueceu na sala, mas um amigo o parou para conversar, fazendo-o demorar.
- Harry.
Ele olhou para o outro lado do corredor e viu Mellissa apoiada no batente da porta de seu quarto.
- Sim. - Ele respondeu, hesitante.
- Será que eu posso falar com você ?
Estranho.
- Tudo bem.
Mas o que será que ela quer conversar ?

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