Irresistible - Matando a Saudade



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Capítulo Sete

 Vamos ver um quarto para você. 

 Subimos as escadas e seguimos pelo corredor. Harry abriu a porta para passarmos e colocou as malas de Mellissa em frente ao armário. 
Ele deixou o quarto, dando-nos privacidade.
- Com licença, senhoritas. Vou deixá-las a sós. - Disse, de um modo cavalheiro e fofo.
Mellissa fechou à porta quando ele se foi. Ela abanou-se e se apoiou na porta.
- Quem era aquele gato ? - Perguntou.
- Harry.
Ela caminhou até a cama e sentou, cruzando as pernas. Ficou olhando-me com expectativa e soube que ela queria saber tudo sobre ele.
Depois de um bom tempo falando sobre Harry - Não que fosse muita coisa. Mas cada vez que contava algo, sentia como se já o conhecesse.
- Então aqui é o acampamento ? - ela olhou pela janela - Bem legal.
- Amanhã te mostro tudo.
- Fiquei tão feliz por vir. - levantou-se e começou a andar e gesticular, empolgada - Tenho tantos planos e ideias.  Podemos fazer um passeio pela floresta. Ou ir ao lago. Me disseram que tinha um aqui. Podemos dar uma festa. Podemos, né ?. E finalmente, você pode conseguir um gatinho ! - Ela estreitou os olhos para mim. - E aquele Harry ? Vocês não tem nada ? 
Ela já tinha feito umas dez vezes a pergunta.
- Já te disse, Mel. Não tem nada entre nós. 
- Não acredito. Ele é um gato e vocês parecem já ser íntimos.
- Só amigos. - Insisti.
Querendo mudar de assunto, perguntei.
- Mas e o Matt ?
- Ele ficou preocupado com o seu sumiço. Quando falei que você estava ocupada - e lançou-me um sorriso malicioso - , ele relaxou. Mandou um beijo.
Ouvimos uma batida na porta.
- Senhoritas ? - Harry entrou.
- Oi. - Mellissa ficava alternado o olhar entre Harry e eu, com um sorriso cúmplice.
- Algum problema ? - Perguntei
- Só achei que estava tarde e talvez você queria dormir.
- Só vou arrumar uma cama para mim e já vou dormir.
- Arrumar uma cama ? - Ele fez uma expressão confusa.
- Sim. Por quê ?
- Pensei que você fosse dormir no meu quarto. - Admitiu. 
Mellissa tossiu algumas vezes, surpresa. Senti minhas bochechas esquentarem. Claro que ela acharia estranho eu dormir no mesmo quarto que Harry e insistir que ainda éramos amigos. O que ela pensaria agora ? Harry não podia ter esperado outra hora, de preferência sem Mellissa por perto, para dizer isso ? Com certeza daria uma bronca mais tarde.
- Eu acho melhor ficar com Mellissa. Ela pode querer conversar durante à noite.
- Ah ! Tudo bem. - Percebi uma sombra de decepção passar por seu rosto.
- Não ! Tudo bem. Pode ir com ele. - Disse Mel, assim que parou de tossir.
- Mas, Mel ... - Comecei, mas Mellissa insistiu.
- Eu ficarei bem, baby. Amanhã conversamos.
- Ok. Até amanhã. 
Abracei-a e fui com Harry.
- Você não podia omitir a parte que eu durmo no seu quarto ? - Perguntei á Harry, assim que  entramos no quarto dele.
- Ela acabaria sabendo uma hora. 
- O que ela vai pensar de mim ? Eu disse que somos amigos.
Fui até o armário e peguei meu pijama.
- E provavelmente ela não acreditou.
- Já não tinha antes e agora menos ainda.
- Ela vai acabar entendendo quando começar a conviver com a gente.
Peguei a toalha, o chinelo e fui tomar um banho.
- Tenho que falar com uma pessoa. Posso demorar um pouco, Anjo.  - Avisou ele.

(...)

Tomei um banho, mas quando fui me secar percebi que só havia trazido a toalha. Mas com Harry fora, não tinha problema. Enrolei-me na toalha. Saí do banheiro e levei um susto. Cam arregalou os olhos. Apertei mais a toalha em volta do corpo. E comecei a achá-la curta de mais. Ele também deve ter achado, pois não tirava os olhos das minhas pernas.
- Ei ! Olhos aqui em cima. - Apontei para os meus olhos.
Ele encolheu os ombros e seus olhos negros encontraram os meus.
- D...Desculpe. - Gaguejou.
- O que você está fazendo aqui ?
- Eu bati, mas ninguém atendeu. Entrei e não vi ninguém no quarto, mas a luz do banheiro estava acessa. Pensei que fosse Harry, já que sua amiga chegou. Imaginei que você estaria com ela.
Eu também. - pensei.
- E o que você queria ?
- Só avisar que vai ter uma festa na última casa, amanhã à noite.
- Ok. Agora pode ir.
Eu não me importei se estava sendo grossa. Ele não podia entrar assim no quarto das pessoas.
- Tudo bem. A gente se fala.
E saiu rapidamente.
Troquei a toalha pelo pijama. Meu dia foi tão cheio que a única coisa que queria fazer era cair na cama e acordar bem tarde. 
Harry chegou.
- Pensei que fosse demorar mais. 
- Eu só fui falar com algumas pessoas. Soube que terá uma festa amanhã à noite. 
Ele tirou a camiseta, os sapatos e a calça e deixou-os em cima da poltrona. 
- Eu também.
Ele se jogou na cama e estreitou os olhos para mim.
- Como ?
Desabei na cama, ao lado dele. Ele virou-se para mim, apoiando-se no cotovelo. Estava com uma expressão curiosa.
- Foi estranho. Eu estava tomando banho e tinha esquecido a roupa. Saí enrolada na toalha e Cam estava no quarto...
- Espera ... O Cam ? - Perguntou, franzindo o rosto.
- É. Eu saí enrolada na toalha e ele estava no quarto.
Distraidamente, ele enrolou um cacho meu em seu dedo.
- Ele veio ver você ?
- Não. Quando entrou, pensou que você estivesse no quarto. Mas acabou avisando da festa.
Ele pigarreou e perguntou:
- Você disse que estava de toalha ?
Olhei para ele e afirmei. Pude ver uma sombra de raiva nos olhos dele, mas que logo se dissiparam.
Harry respirou fundo e disse:
- É melhor irmos dormir, Anjo.
Confusa com seu jeito, assenti.
Ajeitei-me na cama e desliguei o abajour. Harry movimentou-se. Sentia sua respiração quente nas minhas costas.
- Anjo. - Ele chamou.
Virei-me novamente para ele. Nossos ombros se encostando.
- Eu preciso te falar uma coisa.
Seu tom de voz não estava mais brincalhão como usualmente. Estava mais sério. Ainda não sabia direito o motivo, mas meu coração começou a bater mais forte.
- O que ? - Perguntei, hesitante.
Ele virou-se para mim. Seus olhos encontraram os meus e Harry sorriu.
- Obrigada.
Não percebi que havia prendido a respiração e soltei-a.
- Obrigada por cuidar de mim. - Completou.
 Abri a boca para falar que já havia até esquecido, mas ele interrompeu-me.
- É sério. Ninguém nunca cuidou de mim assim, quando eu estava bêbado. Não que eu fique muito. Só o Scott, mas não completamente. Ele só tirava a bebida das minhas mãos, esperava eu acabar de vomitar e me deixava no quarto. Era o máximo que ele podia fazer quando também estava bêbado... Obrigada, Anjo.
E sorriu, mostrando as covinhas. Sorri de volta.
- Não foi nada. Mas devo confessar que você fica muito mala bêbado.
Ele riu e deu-me um beijo rápido na bochecha.


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