Irresistible - A Despedida.

Capítulo Treze

 Será que eu posso falar com você ? 

Narrador's POV

- Quantas horas você demorou para pegar o celular ? - Alice perguntou a Harry.

Ele começou a ficar tenso e desconfortável sobre a bancada da cozinha.

Mellissa foi bem direta com suas perguntas, fazendo citações e exemplos do que ela viu. Harry ficou com medo de suas perguntas. Ele não sabia o que responder. E o pior era que tudo o que ela disse era a mais pura verdade. E quando Harry saiu do quarto, estava com emoções conflitantes dentro de si.

- Eu acabei jogando um pouco de sinuca com Scott, estava sem sono. - Ele explicou.

Droga ! Harry não gostava de mentir para Alice, mas ele não podia jogar aquela conversa nela, sem deixá-la assustada.

- Essa conversa está própria para menores ? - Scott perguntou, entrando na cozinha e emergindo Harry de seus pensamentos.

- Se divertiu jogando sinuca com o Harry ontem à noite ? - Alice perguntou a Scott, fitando-o, tentando captar alguma mentira.

Scott fez uma expressão confusa, enquanto alternava o olhar entre nós. E lá estava a pergunta, estampada em sua testa: Mas de que diabos ela está falando ?. Harry lançou-lhe um olhar que dizia " Confirme "

E ele o fez.

- Muito.

Alice assentiu, mas Harry sabia que ela não havia acreditado. Pelo menos não tocou mais no assunto. Tentando aliviar a tensão, ele pegou três maçãs e fez malabarismo com elas, conseguindo um sorriso se Alice. Ela pegou uma e seu celular tocou.

(...)

Alice POV

- Eu não sei porque tenho que fazer isso. - Resmunguei, enquanto Harry abria as grades da Área de Treinamento.

- Eu já te expliquei. Pode ser útil alguma hora. Connor pediu.

Harry estava sério e seco. Respondia minhas perguntas de forma breve.

Ele irradiava tensão.

Lá dentro, não me segurei e perguntei :

- O que você tem ? Por que está tenso e bravo ?

Ele estava alguns passos à minha frente e não se virou ao responder rispidamente:

- Da última vez que estive aqui, um fodido estava tentando enfiar a língua na sua boca.

Nossa ! 

- Eu já disse que por mim não faria esses treinos.

Falando no diabo. Mais à frente, Cam esperava por nós.

- Vamos acabar logo com isso. - Disse Harry, entre dentes.

- A testosterona é praticamente palpável neste lugar. - Disse à Harry, que riu.

(...)

- Fique por cima, Alice ! - Gritou Harry, do lado de fora da jaula. Ele não podia entrar no ringue e não aparentava estar feliz. Ele berrava de braços cruzados, enquanto examinava a luta com olhos frios.

Cam conseguiu ficar por cima e segurava meus braços. Chutei suas costelas e ele caiu de lado. Fiquei em pé.

- Deixe ele inconsciente ! - Berrou Harry.

Se a pessoa não tem ar, não tem forças. Chutei de mentira a barriga de Cam e emendei um falso chute no rosto.

- Isso, garota ! - Comemorou Harry.

(...)

Harry já não estava mais feliz no 2° Round. Cam estava me dando uma surra e eu estava cansada. E às vezes, ele irritava Harry fazendo poses sexualmente sugestivas.

- Já chega ! - Rugiu Harry.

Cam parou e sorriu maliciosamente para a minha pose de deitada no chão com as pernas abertas e ele no meio delas.

- Aposto que consigo te derrubar. - Harry disse, assim que Cam saiu.

- Meu tio é ex-militar e quando soube que eu precisaria ficar sozinha, me ensinou várias coisas. Você não vai querer lutar comigo. - Respondi de maneira convencida.

Ele sorriu de lado.

- Talvez eu queira.

- Se eu ganhar, você não monitora mais as minhas ligações. E você ?

- Com certeza irei pedir algo. 

(...)

- Já sei o que quero. - Harry falou, depois de me derrotar.

- O quê ? - Resmunguei.

- Sabe, você é boa e foi uma luta difícil ...

- Diga logo ! - Irritei-me.

- Sua jaqueta de moletom.

- Você quer minha jaqueta ? - Perguntei,confusa.

- Quero você sem ela. - Bufei e tirei a mesma, ficando só com o top preto.

- Bem melhor. - E sorriu de lado, enquanto me avaliava.

(...)

Harry caiu na cama, ao meu lado. Ele havia tomado banho e seu humor parecia estar melhor. Eu também tomei um banho e vestia um pijama folgado. Poderíamos estar no fim da tarde, mas por mim, dormiria agora mesmo.

- Verdade que seu tio era ex-militar ? - Harry perguntou. Deitei de bruços, para poder olhá-lo.

- Era. Por vários anos. Mas acabou optando por um trabalho misterioso que eu não conheço bem. 

- Desde quando ele te ensina ?

- Faz 3 anos. Desde que precisou começar a viajar e me deixar sozinha.

- Ele te ensinou muitas coisas ? - Vi um vislumbre de curiosidade em seus olhos.

- Sim. Principalmente chutes e a esquivar. Mas socos e a atirar também.

- Mas você apanhou feio hoje ! - Cutucou-me sorrindo.

- Ei ! - adverti, mas sem conter meu próprio sorriso. - Vocês são mais experientes que eu. E também não foi uma luta justa, Cam é bem maior que eu !

Seu sorriso sumiu e de repente, ele ficou sério.

- Ele te machucou ?

De novo não !

- Relaxe, ele não me machucou.

Ele não estava acreditando.
- E - continuei - é melhor você ir dormir, está ficando de mau humor.
O celular em cima da cômoda começou a tocar. Harry pegou-o e entregou-me. Sentei na cama e Harry começou a fazer um círculos no meu joelho com o dedo.
- Oi, Matt !
Harry franziu o cenho e parou com os círculos.
- Oi, pequena. - ele respondeu - Liguei para saber como você está ?
- Estou bem, mas e você ?
- Estou, sim. E o acampamento ? Está gostando ?
- É ótimo ! Eu adoro .
- Eu e a Mel conversarmos e ela diz que é ótimo. Me surpreendi que o seu tio não pirou.
- Confesso que eu também. Mas e você ? Está viajando ?
- Não, estou em casa mesmo. E estou me sentindo muito sozinho. - Respondeu meloso.
- Tadinho. Mas você não anda com mais ninguém, Sr. Solitário ?
- Só com um cara que eu conheci que vai começar a ir para o colégio... Estou com saudades, maninha.
- Também estou com saudades, Bomer.
- Quando você e a Mel voltarem, temos que sair. Tipo uma sexta à noite ?
- Uma sexta à noite é perfeito.
- Tenho que ir agora, maninha.
- Beijos.
Desliguei o celular e entreguei-o á Harry, que olhava-me sério e atentamente. Eu sabia que várias coisas se passavam em sua mente, mas eu não conseguia descobrir nada.
- Seu namorado ? - ele pigarreou - Matt é o nome dele ? Ele já está com saudades ? E o que o casal marcou sexta  ? - Ele perguntava tudo muito rápido e um tom acusatório.
Quando ele abriu a  boca para fazer mais perguntas, interrompi com um gesto de mãos.
- Calma ! Ele não é o meu namorado. É da Mellissa. - balancei a cabeça - Ele é como um irmão. Pensei que você soubesse.
Harry olhou-me desconfiado, mas não respondeu.
- E você não tem nenhum ? 
- Não. E por que esse interrogatório ?
- Nenhum ?
- Não ! Ninguém chamou a minha atenção !  Por que você não vai direto ao ponto ?
Ele sorriu timidamente, formando covinhas e suavizando a expressão.
- Fico feliz que ninguém tenha atendido a suas expectativas.
O celular tocou novamente.
- Os homens não te deixam em paz, né ?- Ele brincou.
- Alô ? - Atendi.
- Alice, querida, sou eu, Connor.
- Oi, algum problema ? Descobriu alguma coisa ?
- Não, querida. Tenho uma novidade.
- Estou ouvindo. - respondi, ansiosa.
- Uma pessoa saiu do Instituto e vagou um quarto para você.
- O quê ? - Oh Meus Deus !
- É na mesma cabana. Quarto número sete. Pode se mudar hoje mesmo. 

(...)

Fechei a mala e coloquei-a ao lado da porta. Harry ficou observando cada movimento meu, sentado na beirada da cama, com as mãos entrelaças na nuca. Ele não dissera uma palavra depois que eu confessei que era melhor eu mudar de quarto. Ele parecia infeliz. Estava me dando um gelo. Harry tentou convencer-me de que não era necessário, mas eu preferi fazer do meu jeito, então ele passou a ignorar-me. E era horrível. Abri a porta e peguei a bolsa. Harry levantou a cabeça e seus olhos miraram os meus, enquanto abria um sorriso triste.
- Sonhe comigo, Anjo. - Sua voz era um pouco mais alta que um sussurro.
Sorri em resposta, mas também era um sorriso triste.
Segurei a bolsa mais firmemente e saí, sabendo que se ficasse mais ... cederia.
Joguei a bolsa na cama e fechei a porta do quarto novo. Abri a bolsa e comecei a tirar as roupas até achar o pijama. Fiquei pior ainda quando vi que Harry havia deixado uma rosa vermelha no meio das roupas. Era a primeira vermelha que ele deixava. Estava com um aperto no peito e um vazio. Mas eu sabia que era o melhor para nós dois. Me afastar antes que tudo estrague e não tenha mais concerto. É o melhor a fazer.  É o melhor a fazer.  É o melhor a fazer - ficava repetindo, até acreditar.