Capítulo Final Irresistible - Máscaras

Capítulo Trinta - Último

 Ele só viu as botas de Scott se aproximando quando caiu no chão 

Macio.
Foi só o que eu pude deduzir no torpor. Algo macio em baixo de mim. Meus dedos se mexeram e tocaram em um tipo de tecido conhecido. Deslizava facilmente na pele. Seda ? Talvez. Minhas pernas se enrolaram no tecido. Mexi-me na cama, procurando uma posição melhor. Era bom o conforto do sono depois do pesadelo. O corpo quente de Harry se mexeu contra o  meu, se peito apertando-se em minhas costas, suas pernas entre as minhas. Era difícil acordar, o sono ficava puxando-me cada vez mais. Senti Harry deslizar os dedos pelo meu braço, indo até a clavícula e descendo pela linha entre meus seios. Minha barriga se encolheu com os arrepios causados. Sua mão se esparramou sobre meu umbigo ao mesmo tempo que sua boca foi para o meu pescoço e eu senti sua língua em minha pele, logo meu sono foi embora. Eu fui girada na cama, ficando por cima, ao mesmo tempo em que sua boca foi à minha. Não foi como eu esperava. Não era o mesmo beijo. Ele enrolava sua língua na minha, seu piercing roçando em mim...
Harry não tem piercing.
Ethan tem piercing.
Coloquei a mão no seu peito e tentei empurrá-lo, mas ele segurou-me pela nuca. 
Passei minhas unhas pelo seu rosto.
Ethan se afastou com um urro. Quando tentei sair de cima dele, ele segurou-me pelos braços, mantendo-me no nível do seu peito. Ethan estava com aquele sorriso vitorioso no rosto. 
Agora eu sabia que tudo era real. 
- Me solta ! - gritei, tetando me soltar.
Eu esperneei, gritei, bati e arranhei Ethan até ele se irritar e me derrubar no colchão, deixando-me de bruços e sentando em minas costas. Ele segurou meus braços para trás e amarrou-os. Ethan levantou da cama e puxou-me junto. 
Saímos para um longo corredor.
Foi quando eu percebi que estava vestindo um baby doll preto com um minúsculo short.
- Quem vestiu isso em mim ? - perguntei incrédula.
Ethan riu.
- Foi a primeira vez que eu coloquei, e não tirei.
Eu queria vomitar.
- Ok, Ethan, já chega de suas cantadas patéticas. - disse uma voz conhecida do corredor ao lado.
- O que eu deveria falar ? " Combina com seus olhos " ? Você sabe que não foi nisso que eu reparei.
Scott parou na nossa frente rindo.
De repente, minha garganta ficou seca demais e eu não parava de piscar. 
Ele percebeu minha reação e riu mais ainda.
- Surpresa, amor ?
Primeiro Cam .... Agora Scott ? ... E Ethan ? Eu estava cercada de traidores o tempo todo.
- C-Como você pôde ? - gritei.
- Não vamos ter uma DR aqui no corredor. Vamos para outro lugar.
Pegou no meu outro braço e guiou-me. 
Ódio.
Era a única palavra que me descrevia.
Quando entramos em um escritório, eles colocaram-me em uma cadeira e amarraram minhas pernas.
- Que lugar é esse ? - perguntei.
- Não te interessa. - Scott resmungou, pegando um rádio do bolso.
- Vocês vão me contar algo ? - tentei.
- Nós não. Outra pessoa irá fazer isso.
- Quem ?
-  Só cala a boca e espera. 
Bufei e tentei olhar ao redor, procurando uma pista de onde estávamos. 
Com todas as janelas fechadas, não obtive sucesso.
Ethan deu um sorriso cúmplice para Scott.
- Ele chegou.
- Quem ? - eu perguntei. 
Só desamarraram-me e saíram comigo do escritório.
- Vocês não vão me falar nada ? Quem é ele ? Por que quer me ver ? 
Eu tentava fincar meu pé no chão, mas ele puxavam-me pelo corredor. Nesse ponto, eu já gritava e tentava me soltar. Eu sabia que não era nada bom o que me esperava. Scott, com raiva, levantou o braço e deu-me um tapa no rosto. Eu caí no chão, minha bochecha  queimando e a dor espalhando-se. Ele levantou-me pelo cabelo, forçando-me a andar. Ethan empurrou a porta para dentro e Scott jogou-me no chão. Eu gemi de dor, segurando meu braço machucado por cair em cima dele. Eu ouvi um barulho de passos se aproximando e congelei ao sentir meu cabelo sendo retirado do meu rosto. Eu virei meu rosto para cima e paralisei.
- Connor ? 
Não, não, não, não, não, não !
-  É bom ver você de novo, querida. - ele sorriu e segurou-me pelo braço, levantando-me e forçando-me a sentar em uma cadeira.
- Por favor, diga que não é o que eu estou pensando. - sussurrei.
- Eu creio que é. - Connor disse. 
Ele retirou uma arma do cós da calça e carregou.
Connor olhou minha expressão e começou a falar.
- É muito para você saber que o homem que devia estar te protegendo é quem está tentando te matar ?
Somente engoli em seco, incapaz de dizer qualquer coisa.
- Você não sabe como foi gratificante ver o seu rosto a cada bilhete meu que você achava, nos telefonemas, a cada ameaça que você recebia. 
Ouvi a risada de Ethan.
- E o que eles tem com tudo isso ? - perguntei.
- Qual o motivo disso tudo, primeiramente ? - Connor continuou - Dinheiro. Eu precisava pegar você sem o seu namoradinho desconfiar de algo..  E Ethan queria dinheiro para sua banda. Ele só me fez um favorzinho. Já Scott é só um aliado fiel.
- Ele não deveria conseguir entrar no Instituto.
- Quem você acha que comanda as contratações ? Quem você acha que comanda as criações das fichas ? Quem você acha que comanda cada investigação ? Sendo o diretor, eu fazia o que bem entender lá dentro. Foi muito fácil colocar meus homens no Instituto e encobrir meus passos. Sim, querida, cada ameaça, bilhete, telefonema e ataque foi armado por mim. - ele abriu os braços, vangloriando-se - No primeiro, o merdinha do seu namorado conseguiu te salvar. Eu fingi estar muito feliz pela sua volta e te liberei, seria mais fácil te pegar do lado de fora. - ele sorriu - E foi.
Soltei a respiração que estava segurando. Ódio. De todas essas pessoas. De todas essas pessoas das quais eu confiei.
- Por que ? - perguntei, surpresa por minha voz sair fria e cortante - Só o que eu quero saber é por que ? Por que eu ?
Connor sorriu.
- Por que você ? - ele se inclinou na minha direção - Porque você nasceu.
- O quê ?
- Tudo começou quando você nasceu... Vou te contar uma coisa. Sabe o que eu era antes de me tornar chefe daquela droga de Instituto ? Eu era de uma máfia. Chefe de uma máfia. Ah, eu amava meu trabalho ! Conseguia muito dinheiro e moral. Eu tinha tudo o que queria. Meu sócio era um grande amigo...Tinha até uma companheira. Admito, eu a amava demais. Um erro, na verdade. Ela não tinha tudo o que queria. Ela queria o que me destruiria. Uma filha. Eu abominei a ideia na hora. Uma filha ? No mundo em que eu estava trabalhando, isso seria o meu pior erro. Eu não saberia ser um pai, nem de longe, e ainda poderiam usar o bebê para tentar me atingir. - ele riu seco - Advinha o que aconteceu ? Ela ficou grávida. Eu já comecei a odiar tudo o que estava relacionado a esse bebê, mas cuidei dela até o grande dia. A bolsa estourou e lá estava eu, ajudando no parto. O bebê nasceu... Mas havia sangue. Muito sangue... Minha mulher morreu no seu parto, Alice. Eu te odiei desde o momento em que pus os olhos naquele bebê. Você matou minha mulher ! - ele gritou, eu me encolhi e deixei as lágrimas caírem - Eu quis te matar. Eu fui atrás de você para te matar. Mas meu sócio me convenceu a não matar a criança, porém eu me recusava a ficar com ela. Minha única saída foi te entregar a ele. Meu sócio, Taylor, cuidou de você. Fingiu ser seu pai, sempre escondendo sua origem. Eu nunca me incomodei ou dei importância ao fato. Taylor foi meu primeiro homem. Quando o conheci, ele era um ninguém, mas eu o fiz ser grande. Eu o treinei e ensinei tudo a ele. Taylor foi muito fiel... Até o dia que você nasceu. Como se não bastasse toda a minha desgraça, ele usou tudo o que eu ensinei a ele para me roubar. Aquele desgraçado roubou todo o meu dinheiro, me deixou com dívidas e fugiu no mundo. Mas eu me vinguei. Sabe o acidente em que ele morreu ? Bom, devo confessar que de acidente não teve nada. Eu planejei ele pensando em me livrar dele e de você junto. Infelizmente, eu só consegui acabar com ele. A partir desse dia, eu prometi a mim mesmo que iria extinguir o nome sujo da sua família do mundo.... E cá estamos nós.
- Você não é meu pai ! - eu gritei assim que ele terminou, sem me importar com as lágrimas.
Tentei levantar, mas Scott e Ethan seguraram meus braços, forçando-me a ficar sentada. 
- Eu nunca vou te considerar nada meu ! - continuei gritando e lutando contra quem me segurava - Taylor é meu pai ! Ele sempre será meu pai ! Não me importo com a minha origem ! Taylor me amou independentemente de qualquer coisa, me criou e me educou ! Eu tenho nojo de olhar para você ! Sabe de uma coisa ? Você mereceu tudo o que meu pai fez !
Ele enrijeceu, seu rosto de transformando em uma máscara sombria. Connor segurou-me pelo braço e saiu arrastando-me pelos corredores.
- Vamos jogar um jogo. - ele disse, frio.

Narrador POV

O celular de Harry vibrou em seu bolso, enquanto ele saia gritando regras pela sala, tentando encontrar alguma pista sobre Alice. Mais cedo, ele havia recebido uma mensagem de Scott " Eu te dei uma chance ao não te matar noite passada. Aproveite-a. Fuja para bem longe, esqueça tudo o que aconteceu. " Harry respondeu com alguma ameaça e passou a providenciar tudo o que precisava. Irritando-se com o aparelho em seu bolso, ele atendeu.

- O quê ?
- Olá, Harry. Vamos jogar um pouco. Primeiro, ligue o monitor do computador ao seu lado. - Disse Connor.
- O que ? - ele perguntou novamente.
- Faça o que eu pedi ! - rosnou o mesmo.
Impaciente, Harry ligou o monitor e prendeu a respiração e congelou no lugar. A tela iluminou, revelando a imagem de Connor e Alice. Não qualquer imagem. Eles estavam em uma sala sem qualquer tipo de decoração, Alice sentada em uma cadeira, de frente para a câmera que a gravava, toda amarrada e com uma fita em sua boca. Connor estava em pé ao seu lado, segurando o celular na orelha e uma arma na outra.
- Seu traidor filha da puta ! - Harry gritou, voltando ao normal.
Connor riu na gravação e o som veio pelo celular.
- Vamos deixar as coisas mais divertidas. O que você está assistindo é uma imagem ao vivo. Eu quero que você me encontre ... Mas não será tão fácil assim. Você tem vinte minutos para chegar ao local indicado ou a sua namoradinha terá um buraco de bala na cabeça.
- Aonde você está ? - Harry rosnou.
- Um local que trará muitas lembranças. Me encontre na antiga casa do seu pai. Tem um carro no estacionamento.
Connor desligou.
...
Harry cortava as ruas, afundando o pé no acelerador e desviando dos carros a sua frente. Mas não estava fácil. Sabendo que não era coincidência, as ruas estavam com vários carros, somente no percurso que Harry fazia. O pior é que não havia outra rota, e ele tinha menos de dez minutos. Enquanto manobrava, tinha que segurar o celular em seu ouvido, esperando qualquer movimento que seria anunciado por um dos funcionários pelo celular.
Bip, Bip, Bip, Bip...
Harry ouviu ecoar pelo carro. O barulho era tão baixo que ele precisava de silêncio, mas com certeza estava em algum lugar no carro. De novo, bem baixo.
Bip, Bip, Bip, Bip...
Todos os seus músculos se retesaram, ele ficou em alerta.
Tem um carro no estacionamento "
Droga, aquele desgraçado havia posto uma bomba no carro ! No momento em que Harry partiu, ele estava com a cabeça tão cheia, que somente pegou o carro e saiu. Idiota. Um tiro atravessou o parabrisa. Ele olhou pelo retrovisor para encontrar uma van na sua cola com o passageiro atirando contra seu carro. Agora ele tinha que lidar com a bomba e o atirador. Harry tirou o cinto e se preparou. Ele acelerou mais um pouco, abaixando-se no banco para evitar levar um tiro. Provavelmente, a bomba estava programada para começar a contagem regressiva quando ele desse partida e explodisse quando ele chegasse à casa de seu pai. Mas como Connor deixou as ruas cheias de seus homens, ela explodiria em um minuto ou menos. Harry cortou a esquina, em alta velocidade o suficiente para o carro virar de lado. Quando ele parou na posição exata, Harry freou e passou rapidamente para o banco do passageiro e saltou do carro. A van fez a mesma curva, seguindo-o. Ela não teve tempo de frear antes de bater no carro de Harry. Harry conseguiu correr um quarteirão.
Bip, Bip...
O carro explodiu, as chamas atingindo também a Van. As pessoas dentro das lojas gritaram e os vidros quebraram. Mas ainda não tinha acabado, mais atiradores vinham em carros. Harry olhou para o local do acidente, certificando-se. Algo chamou a sua atenção quando as chamas abaixaram. Não era só uma bomba. A outra estava caída no chão. Devia ter saído do carro quando Harry pulou. Connor não estava de brincadeira... Muito menos Harry. Agora era pessoal.
Ele correu para perto das chamas, e pegou a bomba. Segurou as dinamites com cuidado nos braços, vendo que o marcador estava em dois minutos. Ali perto, estava um carro estacionado. Harry tirou a arma do cós e atirou contra a janela. Ele pulou para dentro, fazendo uma ligação direta. O carro rugiu para a vida e Harry acelerou ao máximo. Ele pegou a estrada para o antigo shopping da cidade, que ficara abandonado. Duas Vans cortaram a esquina e ficaram em sua cola. Harry avistou o Shopping e pegou a subida para o estacionamento. Com o pé no acelerador, ele chegou rapidamente ao mesmo. As Vans chegaram logo em seguida. Ele foi em linha reta, em direção às paredes.
Bip, Bip... Oito segundos.
Harry abriu a janela e jogou a bomba no capô de uma Van, aproveitando que a outra estava bem próxima dela.  Segundos antes dele acertar a parede, Harry pulou para o banco de trás e apertou o cinto em torno dele, ficando atrás do banco do passageiro. O carro atravessou a parede quando a bomba estourou. As vans tombaram e explodiram junto. As paredes velhas do shopping tremeram e começaram a rachar. O concreto começou a cair. O shopping desabou, espalhando poeira e fazendo o chão tremer. O carro de Harry caiu até atingir de bico os outros que estavam estacionados. Ele quicou até parar de cabeça para baixo. Harry tirou o cinto e saiu pela janela sem vidro. Ele roubou uma moto estacionada, fazendo o mesmo procedimento com o carro, e colocou o suporte de orelha bluetooth, falando com o funcionário do Instituto. Dois quarteirões e ele conseguiria.
Harry já estava a metros da casa.
- Alguma coisa ? - Harry perguntou ao funcionário do Instituto.
- H-Harry - ele gaguejou - O Connor, e-ele atirou nela. 
- O quê ? - Harry gritou.
- C-Connor atirou em Alice.
A moto derrapou no asfalto quando Harry saltou e entrou correndo na casa. Ele se lembrou do cômodo na imagem. Harry correu para as escadas descendo até o porão. Segurando sua arma firmemente, ele arrombou a porta. 
Vazio.
O cômodo estava vazio. 
Exceto por por Alice que estava caída no chão, ainda amarrada na cadeira, com sangue espalhando-se ao seu lado. Ele correu até ela, agachando-se ao seu lado e tirando o cabelo de seu rosto. Desamarrou-a e colocou sua cabeça em sua perna. Connor havia dado-lhe uma tiro no peito. Mas ela ainda estava um pouco quente, poderia ser salva, ele pensou. Tirou a camisa, ficando só com uma regata, e pressionou o tecido contra o ferimento. 
- Traga o resgate aéreo. - Disse para o funcionário, sua voz quebrada e rouca.
Ele acariciou seu rosto, mas sentiu algo de errado. Muito errado. A textura de sua pele estava diferente. Com as sobrancelhas franzidas, ele desceu a mão para seu pescoço, onde a tonalidade de sua pele ficava diferente. E estranhamente, sua pele mostrou uma ponta ao seu toque. Ele segurou a ponta e começou a puxar, ao mesmo tempo que a pele dela subia. O rosto dela. Harry puxou por todo o rosto até mostrar outro diferente. Aquela não era Alice, era outra menina. Connor havia colocado uma máscara de pele sintética, imitando o rosto de Alice. Harry voltou à vida.
Ódio. Raiva. Vingança praticamente palpáveis enchiam-no.
Ele olhou em volta, lembrando da mesa com uma câmera e um notebook em cima. Ele deitou cuidadosamente a menina no chão, esperando o resgate e foi até o notebook. Harry estranhou ao ver a imagem que Connor mandou para Harry na tela, dizendo que era ao vivo. Ele apertou o botão e a abertura lateral de DVD do notebook abriu. Ele pegou o CD nos dedos. Mas a imagem não era ao vivo, e sim, uma gravação. Harry posicionou-se em frente a câmera e disse no aparelho bluetooth:
- David, você está me vendo na imagem ?
Um segundo para a resposta :
- Não, só Alice caída.
Era realmente uma gravação.
Seu celular tocou no bolso.
Ele alcançou-o e atendeu.
- Você é realmente bom Harry, mas será que é bom o suficiente para isso ? - Connor perguntou.
- Quando eu te encontrar vamos descobrir.
- Mas você está demorando demais, nós temos que acertar nossas contas e já estou ficando entediado. Acho que vou ter que conversar com Alice por enquanto.
- Por que você está fazendo isso ?
- Nada demais. Só resolvi passar um tempo com a família. Liguei para saber quais seriam as suas últimas palavras para sua namoradinha.
- Deixe-me falar com ela.
- Harry ! - Alice gritou no telefone. Alívio o invadiu. Ela estava viva. Ele conseguiria tirá-la de lá.
- Escute, Alice. Eu prometo, você vai sair daí. Eu vou chegar até você. Confie em mim.
De longe, ele pôde ouvir Connor apressando-a para ele desligar.
- Harry - ela chamou, sua voz embargada pelas lágrimas.
- Estou ouvindo, Anjo.
- Eu te amo... Acaba com eles.
Connor desligou.
Harry respirou fundo antes de continuar a conversar com o funcionário.
- Você conseguiu o que eu pedi ?
- Bom, eu peguei o sinal do rastreador que você colocou nela, mas está muito ruim, vem e volta. Não consegui uma localização exata... - ele enrolou.
- Droga, David ! Diga-me onde ela está !
- Em algum lugar no Oceano Índico.

Alice POV


O barulho ficou cada vez mais alto. Connor parou de andar pela sala e começou a prestar atenção. Ele balbuciou alguma maldição e levantou o rosto para me olhar com atenção. Connor estalou os dedos para Ethan.
- Reviste-a novamente, qualquer coisa que ela estiver usando. Principalmente coisas pequenas, brincos, colares, presilhas. Scott - o mesmo olhou - , você fica de guarda na porta.
Connor saiu apressado e Scott ficou do lado de fora. 
Ethan deu um passo na minha direção e eu recuei, trombando com a mesa. Alguns lápis tombaram e espalharam-se. Ele deu um sorriso arrogante e puxou o cabelo da minha nuca. Ethan olhou atento para os brincos que eu usava, mas seus olhos desceram para o colar de Harry. Eu sabia o que ele estava procurando. O rastreador não estava em nenhum dos dois, mas acredito que eles não perceberam que umas das minhas unhas era postiça, que dentro dela havia o microchip. Ethan aproximou-se mais e começou a tentar tirar o colar.
Ele olhou para mim e riu.
- Pensei que você fosse mais durona. - ele disse.
Discretamente, meus dedos puxaram um dos lápis e eu segurei-o firme.
Sabendo que Ethan não esperaria um movimento meu, aproveitei para dar um impulso com força no braço e infincar o lápis em sua jugular. Antes que ele gritasse e chamasse a atenção de Scott, cobri sua boca com a mão. Ele caiu de joelhos, o sangue escorrendo facilmente pelo seu pescoço e manchando sua roupa. Ethan conseguiu tirar o lápis, mas eu puxei outro e infinquei em sua perna. Droga, eu precisava apaga-lo logo. Quando ele tentou se levantar para lutar, puxei a arma de sua calça e dei uma coronhada em sua cabeça. Ele desmaiou. 
Eu não podia sair normalmente, pois daria de cara com Scott. Só havia mais uma saída. A janela.
- Ethan, cara, vamos ... - Scott estava entrando na sala.
Eu precisava ser rápida. E eu rezava para que a queda não fosse muito alta. Tomando distância, e percebendo que Scott já me observava da porta e percebia o que eu iria fazer. Ele correu e eu também. Pulei e me encolhi antes de atingir o vidro. Scott conseguiu agarrar minha cintura e caímos juntos. Percebi que atingiríamos algo em pouco segundos, consegui fazer força e puxá-lo para baixo do meu corpo. Soltei uma lufada de ar quando Scott caiu de costas. Eu senti um pouco de dor no tornozelo por ele ter batido, mas isso não tinha importância agora. Scott estava imóvel ao meu lado. Essa era minha chance. Levantei um pouco zonza e procurei uma saída. 
Meus pés congelaram no lugar, meu pulmão sem ar algum, a boca seca, não como o lugar a minha volta.
Água, muita água e nada mais.
Eu estava em um navio cargueiro
Scott começou a murmurar algo e se mexer. Eu não tinha muito tempo. 
Quando dei um passo para trás, me desequilibrei, impulsionei o corpo para frente e consegui não cair. Eu havia caído em cima de um contêiner. Todos colocados lado a lado até uma parte do navio. Olhei para cima assustada ao ouvir um som alto. Um helicóptero passou perto de mim, sobrevoando o navio. Logo em seguida, pelo menos mais dez helicópteros também passaram. Fiquei aliviada ao ver OPC na lateral de um. Scott já estava ajoelhando quando eu comecei a correr, tomei impulso e saltei para o outro contêiner. Quando olhei para trás, Scott fitou-me furioso e tentou alcançar a arma. Continuei saltando de contêiner a contêiner. Quando acabaram, eu tive que pular para o chão. Rolei para o lado e já podia ouvir os passos de Scott bem próximos. Ele parou na borda e olhou para baixo, apontando a arma, mas percebeu que não havia ninguém. Segurei firmemente a arma de Ethan , me afastei da lateral e disparei contra ele. Scott caiu com três tiros no peito. Eu ouvi mais tiros atrás de mim e virei-me para ver Harry derrubar um homem. Ele correu na minha direção. Não percebi que conseguiria me mover, até estar nos braços dele. Foi uma dose de esperança e alívio quando senti seu cheiro, passei a mão em seus cabelos e seu corpo aqueceu o meu. Não sabia que estava tremendo até ele tentar me acalmar.
- Escute, Anjo. - ele pediu, a voz rouca e baixa e soube que ele também estava quebrado - Nós temos que ser rápidos. Eu quero que você corra o mais rápido que você puder comigo até a cabine. Conseguiremos ajuda mais fácil lá em cima. Você pode fazer isso ?
Assenti.
Tomei fôlego, tentando ser a garota corajosa, e fiquei em meus pés.
Harry segurou minha mão e corremos até a cabine do capitão, que não havia ninguém e onde era alto o suficiente para pedir ajuda. Ele levantou-me até as escadas e ficou lá em baixo, montando guarda. Eu comecei a subir as escadas e atirei no vidro. Ele se estilhaçou e pude me inclinar para fora. Harry apontou para um helicóptero e gritei a todo pulmão quando ele passou. Ele fez a curva e voltou. O homem que estava dentro se inclinou para fora e jogou a corda. Ela se esticou no ar. Sentei na beirada da janela e saltei até agarrar a corda, não sem antes Connor pular comigo e agarrar minhas pernas. Eu só consegui segurar um pedaço de corda, mas eu não aguentaria por muito tempo. Connor estava segurando minhas pernas e o peso dele era demais. Ele tentava subir cada vez mais. Harry gritou algum palavrão e mirou a arma em Connor. Houve uma explosão na cabine e o helicóptero teve que ir para o lado violentamente, fazendo a corda balançar e Harry errar o tiro, acertando a perna de Connor. Ele gritou e ficou agarrado somente em uma coxa. Eu gemi, sentindo que poderia perder meu braço por fazer tanta força. Olhei para Harry em busca de alguma esperança. E ele deu-me. Harry apontou para as pilhas e pilhas de barris de gasolina que cobriam a maior parte do navio. Eu me preparei para o que ele queria fazer. Enrolei a minha perna que estava solta em torno do pescoço de Connor. Quando ele começou a ficar sufocado e soltou a outra, também enrolei-a. Harry tomou um pouco de distância e começou a atirar nos barris. Os primeiros explodirão bem perto do nosso helicóptero. Eu gritei quando o calor chegou, mas tentei ignorar. Balancei o corpo para frente e para trás, logo a corda acompanhou meus movimentos, facilitando. Connor se contornou, sabendo o que eu queria fazer. Quando a corda balançou na direção da explosão, desenrolei minhas pernas de Connor. Ele caiu no meio do fogo. 
Tiros atingiram o helicóptero. O piloto começou a gritar ao mesmo tempo que ele foi caindo. Eu precisava pular ou morreria. O helicóptero começou a girar e perder altitude. Harry gritou de algum lugar lá em baixo, mas eu já não podia mais vê-lo. Antes dele atingir o chão, eu pulei e caí rolando. Quando tentei levantar, ele explodiu, fazendo-me cair mais longe. 
Eu tateei a parede em busca de apoio. Minha cabeça girava, minhas pernas bambeavam, e era difícil enxergar algo certamente, tudo estava meio borrado e fora de ordem. Os sons pareciam vir de longe e eu sabia que algo estava errado. Toquei meu ouvido e percebi que estava sangrando. O chão tremeu de baixo dos meus pés, muito forte. Mesmo um pouco surda, os barulhos que seguiam um atrás do outro eram alto. Eu observei as coisas voarem e pegarem fogo, do outro lado do navio, vindo cada vez mais para frente. Os helicópteros caíam ou voavam para longe. 
- Alice ! 
Eu ouvi meu nome ser chamado, mas não parecia ser no mesmo local, porém eu ainda consegui virar o rosto na direção. 
Harry corria na minha direção, apontando para um helicóptero que jogava a escada para fora e aproximava-se. Eu levantei em pernas trêmulas, e consegui alcançá-lo. Ele segurou meu braço e guiou-nos até a corda.
- Nesse estado você não vai conseguir se segurar, então eu vou primeiro e te seguro, ok ? - ele perguntou.
Eu assenti, mesmo não entendo muito o que ele havia dito.
Harry escalou dois degraus da escada e estendeu o braço. Uma explosão ocorreu ali perto, fazendo eu ser jogada para trás e o helicóptero ter que voar para longe. Harry gritou em negação, pedindo para voltar, mas o helicóptero ia se afastando cada vez mais. Eu entendia que eles preferiam salvar quem já estava lá do que arriscar a vida de todos tentando salvar-me. Ouve um barulho alto e tudo começou a balançar. Gritos e mais gritos desesperados, pessoas correndo para o outro lado do navio. As coisas soltas do meu lado começaram a deslizar para baixo. Eu entrei em alerta. O navio estava afundando. Eu fiquei em pé quando uma das pontas começou a se inclinar para dentro da água. Eu corri para o lado oposto, desviando das coisas. O navio afundava cada vez mais rápido. Eu cheguei na borda e segurei nas cordas, quando ficou muito íngreme para alguém ficar em pé sem cair. Eu só tinha uma alternativa. Se eu afundasse com o navio, seria muito mais difícil para sair com vida. 
Prendi a respiração e pulei na água. As ondas que o navio fazia, cobriram-me, mas eu nadei cada vez mais, forçando o corpo exausto. Eu coloquei a cabeça para fora, respirando uma lufada de ar, ao mesmo tempo que pude ouvir um helicóptero aproximando-se.

(...)

Eu saí da enfermaria, sorrindo ao ver Harry. Ele caminhou em minha direção e abraçou-me. Cheguei a pensar que nunca faria isso novamente. Seu nariz roçou na minha bochecha e seu cheiro deixou-me zonza. Harry selou-me e afastou-se, mas eu segurei sua camisa e puxei-o de volta. Sua boca se abriu contra a minha, sua língua roçando a minha intimamente. Sua mão tocou a pele desnuda da minha cintura, arrepiando os cabelos da minha nuca. Eu mordi seu lábio inferior e ganhei um gemido baixo dele.
- Então ... - disse uma voz familiar bem perto de nós.
Eu me afastei de Harry em um pulo.
Mellissa riu da minha cara e meu tio estava olhando para o outro lado, fingindo que não viu meu beijo com Harry. Minhas bochechas queimaram.
- Merda, eu sabia que ele era quente. - disse Mellissa, medindo Harry.
Meu tio limpou a garganta e todos tentaram se recompor.
- O-O que vocês estão fazendo aqui ? - gaguejei.
- Nós soubemos do que aconteceu. - meu tio se pronunciou, enviando-me um olhar zangado.
- Mas ... - eu estava sem palavras. Como iria explicar tudo ?
Harry posicionou-se do meu lado.
- Eu contei para eles que você estava sob a proteção do Instituto por suspeitas do seu pai, mas que nós vasculhamos a fundo essa história e descobrimos que foi tudo armação de uma máfia, mas agora não temos mais com o que se preocupar. Pegamos os verdadeiros suspeitos e você está liberada.
Harry terminou lançando-me um olhar que dizia para confirmar tudo.
Eu coloquei meu queixo para cima quando achei que ele poderia tocar o chão e assenti para meu tio e Mellissa. Harry resolveu contar somente metade da verdade. Eu entendi por que ele fez isso. Imagine como meu tio e Mellissa reagiriam quando soubessem de tudo ? Todos os sequestros, tiros e ameaças ? A verdade sobre meu pai ? Meu tio já era protetor, então ele me colocaria trancada em um cofre no porão de casa. E a questão do meu pai o deixaria quebrado. Era para o bem de todos. Não era tudo uma mentira.
Meu tio me abraçou, seguido de Mellissa.
- Eu sei que tudo acabou de voltar ao normal, mas ... - eu olhei para Harry - depois de tudo o que aconteceu eu gostaria de poder fazer uma viajem com Harry.
Meu tio arregalou os olhos e Mellissa sorriu maliciosa.
- Mas já ? 
- Eu sei que é cedo, mas eu realmente preciso sair e conhecer outros lugares. Relaxar e tentar esquecer tudo o que aconteceu.
- Alice - meu tio continuou - eu não sei se seria uma boa ideia. Eu estou preocupado com a sua segurança.
- Senhor - Harry colocou a mão em volta da minha cintura - , eu entendo a sua preocupação, mas também entendo sua sobrinha. Pense nas coisas que passaram na cabeça dela. Seria bom fazer uma viajem, acho que é até questão de saúde. - meu tio assentiu pensativo - E não se preocupe sobre a questão da segurança, eu faço parte da OPC e cuidarei dela. 
- Eu posso te chamar pelo Skype e te ligar todo dia se você quiser, tio. Tire um tempo para você também. Aproveite para chamar nossa vizinha para sair.
Meu tio corou e arregalou os olhos para mim.
- Eu vi como você olha para ela. - continuei - Eu já conversei com ela e posso te assegurar que ela diria " sim ". Parece ser uma ótima pessoa.
Os olhos do meu tio brilharam.
- Tudo bem, mas lembre-se do que você prometeu. Skype e telefone. - ele abraçou-me apertado - Todo dia.
Mellissa abraçou-me e falou coisas sujas sussurradas em meu ouvido. Eu ri quando a soltei.
Harry despediu-se e abriu a porta do carro para mim.
- Se você se casar, não esqueça de me chamar para ser sua madrinha. - Mellissa gritou, fazendo meu tio olhar para ela com a boca aberta e olhos arregalador. Ela pressionou os lábios e olhou para ele cautelosa.
- Então, - Harry virou-se para mim com os olhos semi cerrados e a voz baixa - para onde você pensou em ir ? 
- Sempre quis ir a Vegas.
Ele sorriu de lado e acelerou.


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Olá Amoras !
Pois é, capítulo final.
E não, por enquanto não penso em fazer uma segunda temporada. 
Mas eu também não pensava em fazer do Juramento e mudei de ideia depois.
Como vocês perceberam, esse capítulo foi grandinho e deu um pouco de trabalho para escrever, por isso eu demorei.
Só para esclarecer, a máscara que eu mencionei quando o Harry encontrou aquela menina era igual a usada nos filmes do Missão Impossível.
Eu realmente espero que vocês tenham gostado.
Só quero dizer o quanto foi bom escrever para vocês. A cada incentivo nos comentários, visualizações. Teve momentos difíceis, que ou era por bloqueio criativo ou por falta de incentivo, mas a cada vez que eu pensava em vocês eu tentava novamente. E devo agradecer de coração por cada minuto. Meu esforço realmente foi recompensado. Foi um prazer escrever essa fic. Vocês me fizeram muuuito feliz !
Por favor, digam o que acharam do capítulo nos comentários. Estarei respondendo a todos.
Beeeeijos ><







10 comentários:

  1. euuuuuuuuu ameiiiiiiiiiiiiiiiii nossa sua fic estava perfeita nossa vc é uma otima escritora eu sou sua fã eu e a minha amiga obrigada por ter feito essa fic para nós ameii vc não sabe o quanto fez a gente feliz mesmo com uma fic <3

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    1. Eu que tenho que agradecer a você e a sua amiga Merry >< Todo esse tempo comigo :))
      Bjs !

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  2. Gente q Perfeito! Você é muito Diwa!!! Eu amei essa fic, valeu cada minutinho q eu passei lendo ela.
    Muito Obrigada! <333

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    1. Valeu cada minutinho que eu passei escrevendo ela >< Muito obrigada Lih :D

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  3. Nossa Eu amei muito vc escreve muito perfeitamente eu e a minha amiga somos suas faz quando vc escrever outra fanfic por aqui avisa nós somos suas faz bjsss (VC MUITO DIVA ) obrigado por cada minuto que vc passou escrevendo essa fic para nós valeu muito a pena <333 <33

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    1. Eu não sei se vou postar outra fic aqui, anony, você teria que perguntar para a dona *-* Valeu muuuito a pena escrever para vocês ><
      Qualquer coisa, você pode ver outras fics minha aqui: imaginnedirectionner.blogspot.com.br/p/quando-tudo-acontecer.html

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  4. Vey, acaabou :/ Pera, acabou, eu um dia vou acreditar nisso :'( Aaaaa que tristee, maiis que perfeito! Eu quase morri aki, mds, eu fiquei gritando com o computador, O connor, todos, hai ai. Perfeito perfeito, se me perguntassem antes dessa fic qual a melhor seria sem duvida The Awakening mais agora eu sem sombra de duvidas vou falar Irresistible, e olha que eu leio muitas fics! Perfeito diva, dá pra fazer um filme :3 Sdds da fic...

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    1. kkkkkkkkkkkk Tinha né ? Fico honrada de saber que agora é sua fic preferida ! Valeu cada esforço escrevendo essa fic, ainda mais sabendo que você sempre estava lá comentando >< Eu que vou ficar com saudades :))
      Bjs :3

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  5. Ai que pfç , pq tem que acabar vou ler do começo tudo dnv <3

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  6. Oi nicole assim ce ja sabe de amo sua escrita ja li o juramento, tem mesmo 2 temporada? N consigo achar pode me mandar o link? Por favor! !!!!!!!

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