Capítulo Dezessete
Você vai conversar comigo ?
Meu celular apitou com uma nova mensagem, acordando-me. Procurei no meio dos travesseiros e quado achei, a tela LED acendeu. " Você e Harry saem em um uma hora. Boa sorte, querida. Connor " Oh ! Droga. Havia me esquecido que iria viajar com Harry, para visitar minha antiga casa. Noite passada, voltei para o meu quarto antes da festa acabar, sabendo que as pessoas já estariam bêbadas e não notariam minha falta. Harry não tentou nenhum contato. E eu queria saber qual era o problema com ele. Levantei e tomei um banho demorado. Coloquei uma roupa confortável e fiz uma pequena necessaire de tudo o que poderia precisar. Desci para a cozinha, que estava vazia, e comecei a preparar um café, mesmo sem sentir vontade. Harry entrou na cozinha, carregando sua mochila.
- Pronta ? - Ele perguntou, sem me olhar e inexpressivo.
Assenti e ele começou a sair da cozinha, pegando minha mochila e fazendo sinal para eu segui-lo. E eu o fiz. Harry começou a conversar com um homem, enquanto dois Audi A6 estacionavam ao meu lado. Do primeiro, saiu o motorista que foi falar com Harry. Logo, ele veio na minha direção e abriu a porta do passageiro do Audi ao meu lado. Entrei e ele guardou as mochilas na parte de trás. Harry se abaixou na minha frente e tirou uma venda do bolso. Ele já havia me explicado. Se eu soubesse o caminho, poderiam querer pegar-me para chegar ao Instituto. Ele não olhou nos meus olhos, enquanto inclinava-se para frente e vendava-me. Seus dedos tocaram minha bochecha, causando um formigamento. Ouvi ele soltar uma respiração pesada, antes de fechar a porta.
Quinze minutos depois, estávamos na estrada. E como já havíamos nos afastado do caminho que dava para o Instituto, pude tirar a venda. A estrada estava vazia. Árvores nos cercavam pelos dois lados da pista. Olhei para Harry, que mantinha o olhar fixo na estrada, as mãos apertando firmemente o volante. Seus ombros estavam tensos e o maxilar em uma linha rígida. Ele estava nervoso. Ainda não falava comigo. A tensão entre nós era praticamente palpável.
Decidi dar o primeiro passo.
- Vamos passar em algum Drive-Thru ?
Ele nem me olhou ao responder rispidamente :
- Não.
Esperei algum tempo antes de tentar novamente :
- Posso ligar o rádio ? - Perguntei.
- Não.
- Quer conversar ?
- Não.
Bufei e recostei a cabeça no encosto do banco, frustrada.
- Então só irá me dar respostas monossilábicas ?
- Sim.
Nervosa, decidi que era melhor dormir o resto da viajem. Ou teria que aturar por mais uma hora, um Harry irritante e nervoso.
(...)
Quando acordei, o carro estava estacionado no acostamento. Havia esfriado e estava chovendo muito. Era praticamente impossível ver o que estava acontecendo do lado de fora por causa das gotas grossas que caíam fortemente nos vidros. Comecei a me sentir nervosa. Eu estava sozinha no carro.
- Harry ! - Gritei - Harry !
Quando ameacei sair do carro, ele abriu abruptamente a porta do motorista e colocou a cabeça para dentro.
- O que está acontecendo ? - Perguntei, ansiosa.
- Eu não sei exatamente. Mas o carro quebrou. É alguma coisa no motor.
- E agora ? Você não pode pedir ajuda ?
Ele piscou rapidamente para afastar a água dos cílios.
- O reforço que veio está longe demais. E meu celular acabou a bateria.
- O que vamos fazer ? Passar a noite no carro ?
- Não podemos ficar aqui. Podemos ser assaltados ou chegar algum policial. Tem armas no carro e geraria muitos problemas.
- Não podemos sair nessa tempestade.
- Acredito que tenha algum posto de gasolina no final da estrada. Podemos esperar lá.
...
Assim que saímos da estrada principal, vimos o posto de gasolina, mas ele estava abandonado. Só nos restava um motel. Era de tijolos vermelhos. Três andares. Acima da porta, havia um toldo verde escuro. Red Hot Chilli piscava em vermelho com uma pimenta.
- Será aqui mesmo. Podemos usar o telefone. - Harry disse.
Corremos até a calçada e chegamos encharcando a entrada. Minhas roupas estavam ensopadas da chuva. Grudavam no corpo e pesavam, gelando-me até os ossos. Meu cabelo grudava no pescoço e derramava água no decote da blusa. Eu deixara minha necessaire no carro. Harry havia jogado o casaco no carro, ficando só com a blusa preta que grudava em seu corpo. Seu cabelo caía na testa. Paramos em frente a recepção ofegantes. Um homem bronzeado, de cabelos bem raspados, que fumava um cigarro, levantou o olhar de sua revista PlayBoy para nós.
- Posso ajudar ? - Ele perguntou, contraindo as sobrancelhas para nossa roupas.
- Precisamos usar o telefone. - Avisei, conseguindo não bater os dentes.
- A energia acabou com a chuva. Sem computadores ou telefones.
- Queremos um quarto. - Harry disse.
Olhei incrédula para ele.
- Temos uma suíte com cama king size.
- Ótimo.
- Como será o pagamento ?
- Em dinheiro.
Harry tirou a carteira do bolso traseiro e sacou as notas que, por sorte, estavam secas. O recepcionista tirou uma chave da gaveta e entregou a Harry.
- Segundo andar, quarto 31.
...
O quarto era espaçoso. As paredes eram roxas escuras, com algumas partes descascando. O chão de madeira escura. No centro do quarto, havia uma cama redonda, com lençóis de cetim branco. Uma poltrona preta ficava no canto. Um sofá meia lua preto, ao lado da cama. Uma cortina branca estendia-se atrás da cama. Harry entrou e jogou a mochila no chão, ao lado da porta.
- Vou arranjar velas. Não saia daqui. - Ele disse brevemente, saindo do quarto em seguida e batendo a porta.
Fui até o banheiro, que estava escuro, mas consegui olhar-me no espelho. Eu tremia sem parar. Minhas roupas encharcadas gelavam até meus ossos. Tirei os sapatos e o blaser, mas nada adiantou.
- Vai ter tirar tudo. - Avisou Harry, na entrada do banheiro, segurando uma vela e uma camisa.
Ele colocou a vela na pia de mármore, iluminando o banheiro.
- Não vou ficar sem roupa com você aqui.
- Não vai precisar. Tem uma camisa seca para você. - Ele respondeu, com a sombra de um sorriso nos lábios.
Ele saiu do banheiro, deixando a camisa na pia e fechando a porta atrás de si. Tirei toda a roupa, sequei-me inteira e fiquei somente com a lingerie preta e coloquei a camisa preta de Harry, que ficou no meio das minhas coxas. Passei a toalha nos cabelos, até tirar o excesso de água.
Quando saí do banheiro, Harry estava tirando a camisa por cima da cabeça, deixando-me sem ar ao ver sua costas poderosas. Eu gostaria de passar as unhas por suas costas inteiras. Sentou-se na cama e tirou os sapatos, ficando só com o jeans já úmido e caído na cintura, proporcionando-me uma bela visão da barra de sua cueca preta.
- Harry. - Chamei, mas ele recusou-se a olhar para trás.
Argh !
Fui até ele e engatinhei na cama, ajoelhando-me atrás dele, mas mantendo uma distância. Ele estava com a cabeça baixa, as mãos entrelaçadas na nuca. Parecia confuso e perdido. Passei os dedos pelo seu ombro e ele congelou. Retirei a mão imediatamente. Ele levantou abruptamente e andou até o outro lado do quarto.
- Você não devia me tocar. - Ele disse.
Levantei da cama e contornei-a, mantendo uma certa distância dele.
- Por que não ? - Perguntei.
- Você sabe porquê. - Respondeu.
Seus olhos estavam mais escuros, confusos. Os braços cruzados e retesados. Ele olhava para todos os lados, como se buscasse ajuda.
- Eu não sei porque você não me conta ! - Elevei o tom de voz, invadindo-me com toda a frustração e raiva da viajem.
- Se eu contasse, você iria embora. - Ele respondeu, entre dentes.
- Eu já estou cansada dessa merda toda ! Cansada de você me ignorar e me tratar como se eu fizesse algo para te machucar !
Ele virou de costas e passou as mãos pelo cabelo, exasperado e inalando fortemente.
- Você me machucou quando beijou aquele fodido.
Peguei-me prendendo a respiração e aproximando-me dele com as pernas trêmulas. Como ele ousa ?
- Pelo menos ele queria me beijar. - Rebati.
Ele virou-se. Seus olhos fitando-me, mas eu não conseguia lê-los. A única coisa que eu sabia era que havia uma promessa intensa neles.
- Como foi ? - Ele perguntou, deixando os braços penderem ao lado do corpo.
- O quê ?
Ele soltou uma respiração pesada.
- O beijo. - Parecia doer quando ele dizia aquilo.
Fui pega de surpresa, não sabia o que responder. Disse a primeira coisa que veio na cabeça:
- Legal.
Ele soltou uma risada curta de desprezo. E em um segundo, ele estava prensando-me contra a parede. As mãos fortemente na minha cintura. Nossos narizes encostando um no outro, enquanto arfávamos.
- Você provavelmente deveria me dizer para não fazer isso. - Ele murmurou.
Deslizei a mão por sua barriga, sentindo os músculos. Ele pressionou mais nossos corpos. Tudo estava se tocando: peito, braços, pernas, cintura...
- Se quiser que eu pare - ele sussurrou quando não respondi - diga agora. - Contornou com a boca meu maxilar - Ou agora ... - E passou a boca pelo meu pescoço.
Fechei os olhos, sentindo ele, sua boca beijando meu pescoço. Passei os braços por sua nuca, querendo mais, puxando-o para mais perto.
- Deixe-me beijá-la de verdade - Ele pediu, sua boca roçando na minha ao falar, tentando-me.
Fiquei na ponta dos pés, aproximando-me mais. Sua boca tomou a minha. Seus lábios macios e quentes. Ele beijou-me gentil e lentamente. Explorando cada sensação, a eletricidade que percorria nossos corpos. Ele passou os braços pela minha cintura e levantou-me do chão, fazendo-me rodear sua cintura com as pernas. Sua mão entrou pela camisa, tocando minhas costas, perto do sutiã, enquanto a outra deslizava pela minha coxa até apertar a bunda. Cada toque seu causava um formigamento prazeroso. O beijo tornou-se voraz e excitante. Sua língua acariciando a minha. Agarrei firmemente seus cabelos e ele gemeu suavemente, um ruído baixo da garganta. Harry começou a levar-me para a cama, sem quebrar o beijo. Deitou-me e sua mão entrou pela camisa mais uma vez, tocando logo abaixo do tecido do sutiã, enquanto ele chupava minha boca.
Harry levantou-se rapidamente. Só quando minha mente clareou, percebi o que estava acontecendo. Alguém estava batendo na porta. Eu não sabia se deveria ficar apreensiva ou xingar o sujeito que nos interrompeu. Apoiei-me nos cotovelos, sem saber exatamente o que esperar. Harry colocou um dedo sobre os lábios, pedindo silêncio. Meu coração começou a bater forte contra o peito, mas desta vez não era de excitação, e sim, de medo.
- É o cara da recepção ! - Gritaram através da porta.
Harry relaxou visivelmente, assim como eu. Voltei a deitar na cama, regulando a respiração.
- O que você quer ? - Harry perguntou.
- Tem um cara querendo falar com você. Eu disse que não incomodaria meus clientes, mas ele ... Ei !
Ouve mais batidas na porta e outra voz gritou:
- Harry, cara ! Sou eu, abre a porta ! - Scott.
Harry franziu as sobrancelhas e abriu a porta, mas sem deixar ninguém entrar e mantendo a porta um pouco fechada, evitando que me vissem.
- Você pode ir. - Disse Harry, provavelmente para o recepcionista.
Ele e Scott começaram uma conversa sussurrada. Logo, Harry fechou a porta.
- Scott conseguiu um carro para nós. - Ele respondeu, vendo minha expressão curiosa.
Ele pegou a camisa na poltrona e vestiu-a. Coloquei a calça e optei por ficar descalça, já que meu sapato ainda estava molhado. Harry abriu a mochila e tirou o coldre, já com duas armas e colocou-o, vestindo a jaqueta por cima. Tirou outra e colocou-a sobre meus ombros. Seus polegares faziam círculos em minhas clavículas e sua mão foi perigosamente para a minha cintura.
- Não vamos mais para minha antiga casa ? - Perguntei, antes que ele avançasse e eu esquecesse.
- Não, desculpe - Ele abaixou a cabeça, encostando sua testa na minha, seu lábio roçando no meu. - Posso te compensar mais tarde.
- Irei cobrar.
Ele sorriu maliciosamente.
Scott abriu a porta e entrou, interrompendo-nos.
- Temos que ir. - Ele pegou a mochila de Harry e jogou nos ombros. - É bom te ver, pequena.
Lançou-me um sorriso cúmplice que virou uma gargalhada quando Harry empurrou-o pelos ombros. Scott com certeza sabia o que havia acontecido - ou quase acontecido - no quarto. E meus lábios avermelhados, cabelo bagunçado, bochechas rosadas, e ainda estando vestida com a camisa de Harry não ajudava muito.
...
Os dois carros iguais - BMW- estavam estacionados nos fundos do motel, onde era mais escuro e deserto. Harry e Scott mudaram para o estado profissional. Falando em rádios, armados e sempre olhando em volta. Pegamos a rua principal, voltando para o Instituto, enquanto Scott nos seguia. Aproveitei o momento para olhar o perfil de Harry. Lindo. Os cabelos castanhos penteados para trás em um topete bagunçado, com alguns cachos rebeldes e charmosos. Os olhos verdes luminosos que te faziam prender a respiração cada vez que te fitavam. Os lábios de um rosa pálido, macios, que davam vontade de morder ou nunca mais parar de beijar. O pescoço que continha o perfume mais sensual. Os ombros largos e fortes que vinham com costas poderosas. A camisa ficava mais justa nos braços e peitoral, cheios de tatuagem, fortes e de veias saltadas. A camisa estava um pouco levantada, mostrando uma faixa de pele - que tive que me segurar para não tocar - junto com a boxer preta, os jeans baixos, o volume ... Quando levantei os olhos novamente, percebi que Harry encarava-me de volta, com um brilho malicioso nos olhos.
- Anjo- ele disse, em um tom mais baixo e gutural - , devia saber que é muito perigoso ficar me olhando assim.
Abri a boca para responder, mas fui interrompido por uma batida na minha porta. O carro bateu tão forte e tão rápido que nem tive tempo de gritar. Olhei para a minha porta que estava afundada para dentro. Alguém estava tentando nos tirar da pista. O carro parou lado a lado com o nosso. Ele vinha para o lado, empurrando-nos para fora, enquanto Harry fazia o mesmo, tentando manter-se no lugar e não perder o controle. Quando o carro tomou distância e veio para cima novamente, Harry acelerou, deixando-o para trás sem ser atingido.
- Anjo ? - Ele perguntou, olhando-me preocupado.
- Estou bem. - Acalmei-o.
Ele acelerou, enquanto o carro nos perseguia, e pegou o rádio.
- Scott ! - Ele berrou - Quem é ?
A resposta veio rápida e cheia de raiva :
- Só há uma pessoa no carro. É um Jaguar. Estão na sua cola e vão tentar tirá-lo da estrada novamente. Você sabe o que fazer, Harry !
Harry travou o maxilar e apertou o volante até os nós dos dedos ficarem bracos.
- Não posso fazer isso ! Não vou colocar Alice em risco !
O carro bateu na nossa traseira, fazendo-me ir para frente e quase bater a cabeça. Coloquei o cinto, enquanto Harry acelerava ao máximo. Ele virou na esquina, cantando pneus e evitando outra colisão. Agarrei o cinto de segurança e o banco comas mãos trêmulas e suadas. A estrada estava razoavelmente movimentada. Harry cortava o trânsito, enquanto o Jaguar nos seguia e Scott seguia-o. Harry diminuiu a velocidade e ficamos ao lado de um ônibus, mantendo a mesma velocidade que ele. Olhei pelo retrovisor a tempo de ver Scott ultrapassar o Jaguar e ficar à sua frente. Harry acelerou e ficou à frente do ônibus, ficando do seu outro lado logo em seguida. Em instantes, Scott estava à nossa frente, com batidas iguais. Não sabia como ele conseguira fazer àquilo. Scott esperou uns instantes, antes de sair da nossa frente e seguir pela estrada em velocidade, fazendo o Jaguar segui-lo. Harry ficou escondido ao lado do ônibus, deixando Scott ir e o Jaguar segui-lo pensando que era nós. Por isso a maioria dos carros do Instituto eram iguais. Harry relaxou visivelmente e pegou o rádio.
- Bom trabalho - Ele disse, agora mais calmo.
- Eu vou enrolá-lo. - Scott respondeu - Mas ele pode perceber e ir atrás de vocês. Fique escondido, vou pedir reforços.
- Ok.
Harry diminuiu a velocidade e entrou em uma rua alternativa, voltando de onde viemos. Estacionamos atrás de um super-mercado. O local estava escuro e vazio devido ao horário. Deixei a cabeça tombar no encosto, tentando acalmar a respiração. Céus ! As coisas estavam ficando sérias. Como será que está Scott ? Ele estava sozinho, mas e o Jaguar ?
- Scott ? - Perguntei a Harry, com a voz trêmula, sem conseguir formar uma frase.
- Vai ficar bem. - Respondeu.
Harry estava nervoso. Ofegava e olhava fixamente para o retrovisor. A mão apertava firmemente a arma. Seus olhos estavam frios e atentos. Algumas partes da camisa estava úmidas e colavam em seu corpo.
Ele estava sexy como o inferno.
Não sei se foi pela adrenalina da perseguição, mas no outro segundo já estava em seu colo.
Alice reivindicou minha boca com força, agarrando os cabelos da minha nuca. Minha mão foi para sua cintura, apertando firmemente. Sua língua acariciava a minha, enquanto ela começava a desfazer os botões de minha camisa, até a barriga estar exposta. Passou os dedos. Gemi baixo, entre seus lábios. Esfreguei-me nela, sentindo minha própria excitação crescer. Droga ! Eu estava em uma merda de uma perseguição e não conseguia focar em nada a não ser ela.
O quarto era espaçoso. As paredes eram roxas escuras, com algumas partes descascando. O chão de madeira escura. No centro do quarto, havia uma cama redonda, com lençóis de cetim branco. Uma poltrona preta ficava no canto. Um sofá meia lua preto, ao lado da cama. Uma cortina branca estendia-se atrás da cama. Harry entrou e jogou a mochila no chão, ao lado da porta.
- Vou arranjar velas. Não saia daqui. - Ele disse brevemente, saindo do quarto em seguida e batendo a porta.
Fui até o banheiro, que estava escuro, mas consegui olhar-me no espelho. Eu tremia sem parar. Minhas roupas encharcadas gelavam até meus ossos. Tirei os sapatos e o blaser, mas nada adiantou.
- Vai ter tirar tudo. - Avisou Harry, na entrada do banheiro, segurando uma vela e uma camisa.
Ele colocou a vela na pia de mármore, iluminando o banheiro.
- Não vou ficar sem roupa com você aqui.
- Não vai precisar. Tem uma camisa seca para você. - Ele respondeu, com a sombra de um sorriso nos lábios.
Ele saiu do banheiro, deixando a camisa na pia e fechando a porta atrás de si. Tirei toda a roupa, sequei-me inteira e fiquei somente com a lingerie preta e coloquei a camisa preta de Harry, que ficou no meio das minhas coxas. Passei a toalha nos cabelos, até tirar o excesso de água.
Quando saí do banheiro, Harry estava tirando a camisa por cima da cabeça, deixando-me sem ar ao ver sua costas poderosas. Eu gostaria de passar as unhas por suas costas inteiras. Sentou-se na cama e tirou os sapatos, ficando só com o jeans já úmido e caído na cintura, proporcionando-me uma bela visão da barra de sua cueca preta.
- Harry. - Chamei, mas ele recusou-se a olhar para trás.
Argh !
Fui até ele e engatinhei na cama, ajoelhando-me atrás dele, mas mantendo uma distância. Ele estava com a cabeça baixa, as mãos entrelaçadas na nuca. Parecia confuso e perdido. Passei os dedos pelo seu ombro e ele congelou. Retirei a mão imediatamente. Ele levantou abruptamente e andou até o outro lado do quarto.
- Você não devia me tocar. - Ele disse.
Levantei da cama e contornei-a, mantendo uma certa distância dele.
- Por que não ? - Perguntei.
- Você sabe porquê. - Respondeu.
Seus olhos estavam mais escuros, confusos. Os braços cruzados e retesados. Ele olhava para todos os lados, como se buscasse ajuda.
- Eu não sei porque você não me conta ! - Elevei o tom de voz, invadindo-me com toda a frustração e raiva da viajem.
- Se eu contasse, você iria embora. - Ele respondeu, entre dentes.
- Eu já estou cansada dessa merda toda ! Cansada de você me ignorar e me tratar como se eu fizesse algo para te machucar !
Ele virou de costas e passou as mãos pelo cabelo, exasperado e inalando fortemente.
- Você me machucou quando beijou aquele fodido.
Peguei-me prendendo a respiração e aproximando-me dele com as pernas trêmulas. Como ele ousa ?
- Pelo menos ele queria me beijar. - Rebati.
Ele virou-se. Seus olhos fitando-me, mas eu não conseguia lê-los. A única coisa que eu sabia era que havia uma promessa intensa neles.
- Como foi ? - Ele perguntou, deixando os braços penderem ao lado do corpo.
- O quê ?
Ele soltou uma respiração pesada.
- O beijo. - Parecia doer quando ele dizia aquilo.
Fui pega de surpresa, não sabia o que responder. Disse a primeira coisa que veio na cabeça:
- Legal.
Ele soltou uma risada curta de desprezo. E em um segundo, ele estava prensando-me contra a parede. As mãos fortemente na minha cintura. Nossos narizes encostando um no outro, enquanto arfávamos.
- Você provavelmente deveria me dizer para não fazer isso. - Ele murmurou.
Deslizei a mão por sua barriga, sentindo os músculos. Ele pressionou mais nossos corpos. Tudo estava se tocando: peito, braços, pernas, cintura...
- Se quiser que eu pare - ele sussurrou quando não respondi - diga agora. - Contornou com a boca meu maxilar - Ou agora ... - E passou a boca pelo meu pescoço.
Fechei os olhos, sentindo ele, sua boca beijando meu pescoço. Passei os braços por sua nuca, querendo mais, puxando-o para mais perto.
- Deixe-me beijá-la de verdade - Ele pediu, sua boca roçando na minha ao falar, tentando-me.
Fiquei na ponta dos pés, aproximando-me mais. Sua boca tomou a minha. Seus lábios macios e quentes. Ele beijou-me gentil e lentamente. Explorando cada sensação, a eletricidade que percorria nossos corpos. Ele passou os braços pela minha cintura e levantou-me do chão, fazendo-me rodear sua cintura com as pernas. Sua mão entrou pela camisa, tocando minhas costas, perto do sutiã, enquanto a outra deslizava pela minha coxa até apertar a bunda. Cada toque seu causava um formigamento prazeroso. O beijo tornou-se voraz e excitante. Sua língua acariciando a minha. Agarrei firmemente seus cabelos e ele gemeu suavemente, um ruído baixo da garganta. Harry começou a levar-me para a cama, sem quebrar o beijo. Deitou-me e sua mão entrou pela camisa mais uma vez, tocando logo abaixo do tecido do sutiã, enquanto ele chupava minha boca.
Harry levantou-se rapidamente. Só quando minha mente clareou, percebi o que estava acontecendo. Alguém estava batendo na porta. Eu não sabia se deveria ficar apreensiva ou xingar o sujeito que nos interrompeu. Apoiei-me nos cotovelos, sem saber exatamente o que esperar. Harry colocou um dedo sobre os lábios, pedindo silêncio. Meu coração começou a bater forte contra o peito, mas desta vez não era de excitação, e sim, de medo.
- É o cara da recepção ! - Gritaram através da porta.
Harry relaxou visivelmente, assim como eu. Voltei a deitar na cama, regulando a respiração.
- O que você quer ? - Harry perguntou.
- Tem um cara querendo falar com você. Eu disse que não incomodaria meus clientes, mas ele ... Ei !
Ouve mais batidas na porta e outra voz gritou:
- Harry, cara ! Sou eu, abre a porta ! - Scott.
Harry franziu as sobrancelhas e abriu a porta, mas sem deixar ninguém entrar e mantendo a porta um pouco fechada, evitando que me vissem.
- Você pode ir. - Disse Harry, provavelmente para o recepcionista.
Ele e Scott começaram uma conversa sussurrada. Logo, Harry fechou a porta.
- Scott conseguiu um carro para nós. - Ele respondeu, vendo minha expressão curiosa.
Ele pegou a camisa na poltrona e vestiu-a. Coloquei a calça e optei por ficar descalça, já que meu sapato ainda estava molhado. Harry abriu a mochila e tirou o coldre, já com duas armas e colocou-o, vestindo a jaqueta por cima. Tirou outra e colocou-a sobre meus ombros. Seus polegares faziam círculos em minhas clavículas e sua mão foi perigosamente para a minha cintura.
- Não vamos mais para minha antiga casa ? - Perguntei, antes que ele avançasse e eu esquecesse.
- Não, desculpe - Ele abaixou a cabeça, encostando sua testa na minha, seu lábio roçando no meu. - Posso te compensar mais tarde.
- Irei cobrar.
Ele sorriu maliciosamente.
Scott abriu a porta e entrou, interrompendo-nos.
- Temos que ir. - Ele pegou a mochila de Harry e jogou nos ombros. - É bom te ver, pequena.
Lançou-me um sorriso cúmplice que virou uma gargalhada quando Harry empurrou-o pelos ombros. Scott com certeza sabia o que havia acontecido - ou quase acontecido - no quarto. E meus lábios avermelhados, cabelo bagunçado, bochechas rosadas, e ainda estando vestida com a camisa de Harry não ajudava muito.
...
Os dois carros iguais - BMW- estavam estacionados nos fundos do motel, onde era mais escuro e deserto. Harry e Scott mudaram para o estado profissional. Falando em rádios, armados e sempre olhando em volta. Pegamos a rua principal, voltando para o Instituto, enquanto Scott nos seguia. Aproveitei o momento para olhar o perfil de Harry. Lindo. Os cabelos castanhos penteados para trás em um topete bagunçado, com alguns cachos rebeldes e charmosos. Os olhos verdes luminosos que te faziam prender a respiração cada vez que te fitavam. Os lábios de um rosa pálido, macios, que davam vontade de morder ou nunca mais parar de beijar. O pescoço que continha o perfume mais sensual. Os ombros largos e fortes que vinham com costas poderosas. A camisa ficava mais justa nos braços e peitoral, cheios de tatuagem, fortes e de veias saltadas. A camisa estava um pouco levantada, mostrando uma faixa de pele - que tive que me segurar para não tocar - junto com a boxer preta, os jeans baixos, o volume ... Quando levantei os olhos novamente, percebi que Harry encarava-me de volta, com um brilho malicioso nos olhos.
- Anjo- ele disse, em um tom mais baixo e gutural - , devia saber que é muito perigoso ficar me olhando assim.
Abri a boca para responder, mas fui interrompido por uma batida na minha porta. O carro bateu tão forte e tão rápido que nem tive tempo de gritar. Olhei para a minha porta que estava afundada para dentro. Alguém estava tentando nos tirar da pista. O carro parou lado a lado com o nosso. Ele vinha para o lado, empurrando-nos para fora, enquanto Harry fazia o mesmo, tentando manter-se no lugar e não perder o controle. Quando o carro tomou distância e veio para cima novamente, Harry acelerou, deixando-o para trás sem ser atingido.
- Anjo ? - Ele perguntou, olhando-me preocupado.
- Estou bem. - Acalmei-o.
Ele acelerou, enquanto o carro nos perseguia, e pegou o rádio.
- Scott ! - Ele berrou - Quem é ?
A resposta veio rápida e cheia de raiva :
- Só há uma pessoa no carro. É um Jaguar. Estão na sua cola e vão tentar tirá-lo da estrada novamente. Você sabe o que fazer, Harry !
Harry travou o maxilar e apertou o volante até os nós dos dedos ficarem bracos.
- Não posso fazer isso ! Não vou colocar Alice em risco !
O carro bateu na nossa traseira, fazendo-me ir para frente e quase bater a cabeça. Coloquei o cinto, enquanto Harry acelerava ao máximo. Ele virou na esquina, cantando pneus e evitando outra colisão. Agarrei o cinto de segurança e o banco comas mãos trêmulas e suadas. A estrada estava razoavelmente movimentada. Harry cortava o trânsito, enquanto o Jaguar nos seguia e Scott seguia-o. Harry diminuiu a velocidade e ficamos ao lado de um ônibus, mantendo a mesma velocidade que ele. Olhei pelo retrovisor a tempo de ver Scott ultrapassar o Jaguar e ficar à sua frente. Harry acelerou e ficou à frente do ônibus, ficando do seu outro lado logo em seguida. Em instantes, Scott estava à nossa frente, com batidas iguais. Não sabia como ele conseguira fazer àquilo. Scott esperou uns instantes, antes de sair da nossa frente e seguir pela estrada em velocidade, fazendo o Jaguar segui-lo. Harry ficou escondido ao lado do ônibus, deixando Scott ir e o Jaguar segui-lo pensando que era nós. Por isso a maioria dos carros do Instituto eram iguais. Harry relaxou visivelmente e pegou o rádio.
- Bom trabalho - Ele disse, agora mais calmo.
- Eu vou enrolá-lo. - Scott respondeu - Mas ele pode perceber e ir atrás de vocês. Fique escondido, vou pedir reforços.
- Ok.
Harry diminuiu a velocidade e entrou em uma rua alternativa, voltando de onde viemos. Estacionamos atrás de um super-mercado. O local estava escuro e vazio devido ao horário. Deixei a cabeça tombar no encosto, tentando acalmar a respiração. Céus ! As coisas estavam ficando sérias. Como será que está Scott ? Ele estava sozinho, mas e o Jaguar ?
- Scott ? - Perguntei a Harry, com a voz trêmula, sem conseguir formar uma frase.
- Vai ficar bem. - Respondeu.
Harry estava nervoso. Ofegava e olhava fixamente para o retrovisor. A mão apertava firmemente a arma. Seus olhos estavam frios e atentos. Algumas partes da camisa estava úmidas e colavam em seu corpo.
Ele estava sexy como o inferno.
Não sei se foi pela adrenalina da perseguição, mas no outro segundo já estava em seu colo.
Harry's POV
Alice reivindicou minha boca com força, agarrando os cabelos da minha nuca. Minha mão foi para sua cintura, apertando firmemente. Sua língua acariciava a minha, enquanto ela começava a desfazer os botões de minha camisa, até a barriga estar exposta. Passou os dedos. Gemi baixo, entre seus lábios. Esfreguei-me nela, sentindo minha própria excitação crescer. Droga ! Eu estava em uma merda de uma perseguição e não conseguia focar em nada a não ser ela.
Para de escrever tao perfeitoo, quer dizer naao para, slaaaa --- PERFEITO MDS ESCREVAA UM LIVROO CONTINUA
ResponderExcluirOwwn, obrigada :3 Continuo sim, amor!
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