Irresistible - Demônios.

Capítulo Quinze

 Sem esperar resposta, vou embora - De novo. 

- Você não pode culpar o cara. - Disse Scott.

- Eu já disse que não estou culpando-o. - Insisti.

Ele deu mais um gole na cerveja, e olhou para o lago. Ajeitei-me em cima do casaco. Quando Scott percebeu que eu estava afastada de Harry, convidou-me para ir ao lago e conversar. Nossos planos consistiam em sentar em cima dos casacos, tomar cerveja - no caso dele - e um suco de limão - no meu caso. Eu já havia passado da fase do vazio, da tristeza e agora estava saindo da raiva. Foi só uma ideia idiota. Eu devia ter me contentado com o que tinha. E farei o possível para tudo voltar ao normal.

- Ele tem muitos demônios.

- E a culpa agora é minha ? 

- Não estou falando isso. O que eu quero dizer é que você tem que ignorar os demônios. 

- Se fosse fácil - murmurei.

- Ele teve que lidar com muita coisa na vida. Ele sempre vai fazer alguma coisa idiota, para tentar afastar as pessoas. Mas se você gosta dele, deve enfrentar as coisas. É a única maneira que ele tem de saber. - E eu gostaria que ele me contasse.

- Afastar as pessoas ? Mas você é amigo dele.

Ele sorriu e simplesmente disse:

- Quando disse " pessoas ", quis dizer somente aquelas que tem seios e usam saias.

Seu comentário me fez rir.

- Ah ! Consegui arrancar um sorriso ! 

- Obrigada por me trazer aqui. Se não fosse você, essa hora eu estaria me martirizando.

Ele se animou.

- Estou te falando, pequena, você vai ter a melhor festa de aniversário !

- Eu já disse que não precisa.

- Sempre temos que comemorar dezoito anos. Eu eu farei a sua festa. Você nunca irá esquecer.

Meu celular bipou com uma mensagem recebida. 

" Me encontre no escritório no final da tarde. Tenho notícias, querida. Connor "

- Tenho que ir. - Avisei a Scott.

Ele assentiu, levantou e me puxou pela mão.

- Obrigada por tudo. - Abracei-o e ele retribuiu.

- Não foi nada.

Afastei-me e guardei o celular no bolso.

- Eu te acompanho até a cabana. - Ele ofereceu.

- Eu vou ver Connor. Parece que ele tem novidades. Já estou ficando tensa.

- Quem sabe eu não posso ajudar. - Disse Cam ao meu ouvido.

Levei um susto ao perceber que ele estava atrás de mim e acabei enroscando o pé no casaco que estava no chão. Ele segurou-me pelo braço e puxou-me antes que eu caísse. Mas ele usou força demais e trompei com ele, e acabamos caindo juntos na grama. Eu por cima dele. Seus olhos negros estavam fixos no meu, enquanto um sorriso preguiçoso aparecia em seus lábios. Tive que apoiar a mão em sei peito para me estabilizar. Mas eu não senti a mesma coisa que sentia quando estava com Harry. 

- Cuidado. Nem todos podem entender como um ato inocente. - Cam disse, em tom de flerte.

- Nem pense nisso. Ela não é esse tipo. - Avisou Scott.

Ele ajudou-me a sair de cima de Cam e eu agradeci.

Despedi-me e saí rapidamente pela trilha.

(...)

Aproveitei que tinha algum tempo livre e fiz uma ligação para o meu tio e para Mellissa do meu quarto. Quando terminei de conversar com Mel, uma pontada atravessou-me a têmpora. Culpa da conversa irritante sobre Harry. No banheiro, procurando por uma aspirina, percebi que havia esquecido minha necessaire em algum lugar. No quarto de Harry, especificamente. Droga. Eu devia ter deixado em algum lugar em meio a bagunça da mudança. E querendo acabar logo com a dor de cabeça, entrei no quarto de Harry. Não havia ninguém. A luz do banheiro estava apagada e tudo estava silencioso. Ele saiu. Procurando fazer o mínimo de bagunça possível, procurei no armário e cômoda e não achei nada. Entrei no banheiro e Harry virou-se rapidamente. Oh Deus ! Ele estava em frente ao box, só com uma toalha branca na cintura, borrifando perfume no pescoço. Tive que me segurar para não agarrá-lo e enterrar o rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro se seu perfume sensual. Minhas pernas bambearam um pouco e murmurei algum pedido de desculpas.
- Tudo bem, Anjo. - Ele disse, sorrindo 
Mas eu não conseguia desviar o olhar de seu abdômen, seu tronco era cheio de tatuagens. E tive que apertar fortemente a mão para não deslizar os dedos por cada uma delas. Ele seguiu meu olhar e um sorriso malicioso espalhou-se por seus lábios.
- Que coisa feia ... - Ele murmurou, em tom de flerte. Jesus ! Minhas pernas derreteram.
Um rubor se espalhou pelo meus rosto ao ser pega no flagra. Rapidamente, levanto o olhar e proíbo-me de sair da linha do pescoço para cima.
- Não sabia que estava aqui. Eu só quero minha necessaire, acabei esquecendo-a.
Ele abriu o armário e tirou a necessaire preta de dentro. Ele sabia que ela estava ali. Por que não devolveu ?
- Obrigada. 
 Meu celular toca. 
- Alô. - Atendo.
- Alice, tenho que ir para uma reunião de emergência e darei a notícia por telefone mesmo. Tudo bem ?
- Claro.
- Eu fiz aquela reunião que comentei com você, e consegui que deixassem você ir visitar a sua antiga casa. Marcamos a data para depois de amanhã, ok ?
Um sorriso vitorioso espalhou-se pelo meu rosto.
- Perfeito ! 
- Só preciso saber quem irá com você. É de sua preferência, mas depois que me mandar os nomes não poderá alterar. Assim que decidir, mande-me uma mensagem.
- Ok, muito obrigada.
- Tchau, querida.
Desligo o celular.
- Quem era ? - Harry pergunta.
- Connor. Acredita que ele conseguiu aquela visita a minha antiga casa para depois de amanhã ? Estou tão ansiosa !
Harry sorri e abre os braços. Não lembro da distância que estalou-se entre nós ao pular em seus braços. Mas sinto que ele está tenso, enquanto envolve-me. Quando afasto-me, vejo que ele está sério e sua testa está enrugada.
- Eu vou com você. - Ele diz sem rodeios e com a voz carregada de preocupação.
Beija-me na testa e abraça-me mais uma vez.

(...)

Na madrugada, ouvi ruídos no quarto. Algo se arrastando. Ainda estava entorpecida pelo sono que impedia-me de abrir os olhos e verificar o que era. O quarto estava iluminado pela luz da lua. Mas eu não havia fechado as cortinas ? Ou me esqueci ? Uma sombra passou pela janela. Deve ser somente algum pássaro. Meus olhos começaram a abrir, mas eu forcei-me a voltar a dormir. Somente quando senti o colchão afundando com o peso se alguém, levantei-me em um segundo. Meu grito foi abafado por uma mão colocada em minha boca. 
- Shhh. Calma, sou eu. - Disse, Harry. Ele deitou-me novamente no colchão e deixou um dedo repousado em meus lábios, enquanto eu regulava a respiração e os batimentos cardíacos.
- O que você está fazendo aqui ? - Perguntei, assim que ele liberou minha boca.
- Não fale alto para não acordar o corredor inteiro.
Seu rosto estava pouco iluminado. Olhei para o lado e vi que a janela estava aberta. 
- Você entrou pela janela ?
- A porta estava trancada. - Ele simplesmente disse.
Tirou os sapatos e desabotoou o jeans. Afastou as cobertas e deitou ao meu lado na cama, cobrindo-se até a cintura em seguida.
- O que você está fazendo aqui ? - Perguntei novamente.
Droga ! Eu já sentia aquele formigamento na pele só por ele estar perto. Tão perto.
- Não consegui dormir. É bem mais difícil quando você está longe. Fiquei vagando por aí e quando percebi já estava entrando pela janela. - Sua voz estava como um sussurro rouco, fazendo-me derreter por dentro. - Posso ficar aqui, né ? - Ele perguntou, encontrando meus olhos na escuridão, enquanto esperava ansioso e angustiado pela resposta. 
Um pouco hesitante, assenti.
Ele sorriu abertamente. Ele tirou a camisa e deitou-se, levando-me junto, até que eu estava sobre o seu ombro. E o calor de seu corpo foi bem-vindo, enquanto ele traçava círculos no meu joelho que estava sobre sua perna. Senti sua respiração se estabilizar e quando olhei-o, ele já estava de olhos fechados.
- Eu precisava ver você. Sei que não devia ... Mas precisava. - Ele murmurou.

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